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Projeto da UFF recebe o presidente da Society Of Actuaries (SOA)

Niterói, 19 de abril de 2023.

Da Redação

O programa "Saber em Movimento" (DCA/UFF) inicia suas atividades em 2023 com a entrevista com o presidente da Society Of Actuaries (SOA), John Robinson. Intitulado “Talking about Actuarial Science”, o bate-papo ocorrerá no canal do YouTube do projeto de Extensão, que é coordenado por Fábio Ferreira.
A entrevista abordará, dentre outras questões, tópicos como os relacionados aos aspectos interdisciplinares na formação do Atuário, o impacto ambiental no exercício da profissão e a apresentação da SOA ao público. Vale a pena conferir!

 

Programa Saber em Movimento

Título da entrevista: "Talking about actuarial science"

Convidado: John Robinson

Dia: 27/4/2023

Horário: 19h

Assista no canal do Saber em Movimento:
https://www.youtube.com/saberemmovimentouff

 

Inscreva-se clicando aqui.

 

Abaixo, o vídeo do bate-papo

 

 

 

 

Temas Atuariais: acesse clicando aqui.

 

 

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Morre, aos 92 anos, o historiador Boris Fausto

Ao longo de sua trajetória, o intelectual contribuiu para a interpretação da História do Brasil.

 

Niterói, 18 de abril de 2023.

Da Redação

Boris Fausto em entrevista ao Roda Viva (TV Cultura)

Um dos principais historiadores do Brasil, Boris Fausto faleceu hoje, aos 92 anos, na cidade que o viu nascer, São Paulo. O velório ocorrerá a partir das 8h de amanhã, quarta-feira, na rua São Carlos do Pinhal, 376, na Bela Vista.

De família de origem judaica, Fausto nasceu no dia 8 de dezembro de 1930, tendo cursado, na Universidade de São Paulo, Direito, ainda na década de 1950, e História, nos anos de 1960, mesmo período em que doutorou-se. No decênio seguinte, tornou-se Livre-Docente. Ainda na USP, fez parte do Departamento de Ciência Política, do qual era aposentado.

Ao longo de sua trajetória, contribuiu para uma melhor compreensão da História do Brasil e realizou livros e artigos, que renderam-lhe o ingresso na Academia Brasileira de Ciências, o Annual Americas's Award, a vitória em mais de uma edição do Prêmio Jabuti, dentre outros. Além disso, aproximou-se da sociedade escrevendo em publicações de grande circulação nacional. 

Além de sua obra, da qual “A Revolução de 30: historiografia e história” é considerada a principal, Fausto deixa quatro netos e dois filhos, Sérgio, que é cientista político, e Carlos, antropólogo.


Confira outros livros de Boris Fausto:


Negócios e Ócios (1997) 
A Revolução de 1930 (1997) 
O Pensamento Nacionalista Autoritário (2001)
Getúlio Vargas (2006) 
O Crime do Restaurante Chinês (2009)
Memórias de um Historiador de Domingo (2010) 
Trabalho Urbano e Conflito Social (2016) 
O Crime da Galeria de Cristal (2019)
Vida, Morte e Outros Detalhes (2021)

Prêmio Rio Nogueira: ação na UFF incentiva alunos

Niterói, 17 de outubro de 2022.

Da Redação

 

A Coordenação do Curso de Graduação em Ciências Atuariais da Universidade Federal Fluminense (UFF) realizou, no último dia 26 de agosto de 2022, a cerimônia para a entrega do Prêmio Rio Nogueira a seus egressos e formandos. A premiação objetiva estimular o corpo discente no seu desenvolvimento acadêmico ao longo do curso e é concedida aos três alunos formados em cada período que conquistaram o melhor Coeficiente de Rendimento (CR). Para evitar uma competição que possa ser prejudicial aos estudantes, a coordenação só informa o resultado na semana anterior à entrega da premiação.

 

Prêmio Rio Nogueira: a logo do curso de Ciências Atuariais da UFF feita em acrílico

 


Obtido por meio da aplicação de uma fórmula, conforme estabelecido pela UFF, o CR expressa o aproveitamento escolar do aluno e é calculado com base nas notas finais alcançadas pelo estudante em todas as disciplinas cursadas desde o seu ingresso no curso.


O evento ocorre desde 2016, mas, em razão da pandemia, esteve suspenso nos últimos dois anos. Com o retorno às atividades de forma totalmente presencial no segundo semestre de 2022, a cerimônia contemplou alunos que se formaram em 2019, 2020 e 2021. Além dos egressos, a entrega do prêmio contou com a participação de professores, de alunos de diversos períodos e de familiares dos premiados.

 

 Foto da cerimônia, que aconteceu no Campus do Valonguinho

 


À altura, diversos ex-alunos contaram aos presentes um pouco de suas trajetórias de vida, estudantil e profissional, envolvendo aspectos como a descoberta das Ciências Atuariais, a decisão por cursar essa graduação, o esforço necessário para formar-se em uma instituição de excelência e em um curso difícil, que envolve aspectos quantitativos e qualitativos.

 

Egressos, discentes, familiares e professores na cerimônia de entrega do prêmio

 


Formado em 2019/2, o atuário João Antônio Petito disse ao público, ao receber a sua premiação, que “eu vi a entrega do prêmio como calouro e naquele dia falei com um colega meu, a gente vai ganhar esse troféu ao final da faculdade. Vamos estudar bastante para conseguir. E conseguimos com bastante esforço e dedicação. Hoje estamos no mercado e o que eu posso dizer é que essa faculdade é uma família, todo mundo aqui aprende junto, estudamos juntos, todo mundo se ajuda… esse é um diferencial do nosso curso, todo mundo anda junto! Aos calouros, espero que daqui a alguns anos vocês estejam aqui recebendo o prêmio!”

 

Fábio Ferreira, professor do curso, e o atuário Jonathas Cordeiro.

 

O atuário Jonathas Cordeiro, que concluiu sua graduação em 2020/1, ao receber o prêmio, falou aos presentes que “o curso é difícil, mas vivi aqui momentos de grande aprendizagem. Ao longo do tempo, fiz vários amigos, participei de projeto de extensão, meu primeiro estágio foi na coordenação, quer dizer, a minha primeira chance profissional foi aqui na própria UFF. Sou grato pelas oportunidades que tive aqui no curso e é muita alegria estar aqui, hoje, recebendo esse prêmio” e, aos discentes presentes, orientou-lhes “aproveitem o curso, aproveitem essa carreira linda que é a Atuária, que só tem a crescer nos próximos anos!”

 

O coordenador do curso, Carlos Campello, em conversa com o público presente

 

Sobre a cerimônia de entrega, o coordenador do curso, Carlos Campello, observa que “A entrega do prêmio é sempre uma cerimônia aguardada pelos alunos e a presença de familiares mostra a importância da família na conquista de cada discente. Vale destacar que todos os alunos que receberam o prêmio estão empregados, o que demonstra o reconhecimento da qualidade do curso. Além disso, observa-se que muitos dos premiados ressaltaram na cerimônia a integração entre o corpo docente, questão sempre estimulada pela coordenação do curso”


A trajetória de Rio Nogueira

Rio Nogueira em foto que faz parte do acervo do MAST.

O personagem que dá título à premiação nasceu em 7 de dezembro de 1922 no então Distrito Federal, ou seja, na cidade do Rio de Janeiro, mais especificamente em Vila Isabel. Estudou no Colégio Pedro II e graduou-se, em 1942, em Matemática, na Universidade do Brasil (UB), hoje UFRJ. Posteriormente, em 1948, Rio Nogueira concluiu sua formação em Engenharia Civil na mesma instituição. 


Como professor, Nogueira ingressou na UB em 1944 e, ao longo de sua trajetória, lecionou na Fundação Getúlio Vargas (FGV), na Escola Nacional de Ciências Políticas e Econômicas, vinculada ao IBGE, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC/RJ) e na Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE).

Em 1949, Rio Nogueira recebeu o título de Doutor em Matemática pela Escola Nacional de Agronomia da Universidade Rural (atual UFRRJ), pois defendeu tese como requisito para o concurso para Professor Catedrático. Em 1963, apresentou nova tese para ingressar na cátedra de “Complementos da Matemática – Matemática Financeira” da atual UFRJ.


No mesmo ano, o docente participou da fundação da Serviços Técnicos de Estatística e Atuária (STEA), organização responsável pela criação de diversos fundos de pensão nas décadas de 1970 e 80, como, por exemplo, a Fundação Petrobras de Seguridade Social (PETROS), a Fundação da Vale do Rio Doce de Seguridade Social (VALIA) e o Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos (POSTALIS), dentre outros. Também no âmbito da previdência, Rio Nogueira atuou junto a governos de diversos estados de Norte a Sul do Brasil, como, por exemplo, no do Ceará, no de Santa Catarina e no da extinta Guanabara, além de municípios como Salvador, Taubaté e Campo Grande.


Rio Nogueira exerceu, ainda, o ofício de Atuário no Ministério do Trabalho, no Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Estivadores e Transportes de Cargas (IAPETC) e no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), dentre outras organizações, e participou de diversas comissões governamentais em assuntos nas áreas de economia, previdência e cálculo atuarial. 


Por sua destacada atuação, foi reconhecido, em 1974, pelo Instituto Brasileiro de Atuária (IBA), como Atuário, tendo sido, logo em seguida, empossado como presidente da organização por dois mandatos. Ainda no âmbito das instituições classistas, Nogueira atuou na Associação Interamericana de Atuários de Seguridade Social, na Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), no Istituto Italiano Degli Attuari, na Associação Brasileira de Previdência Privada (ABRAPP) e na Association Actuarielle Internationalle.


Contribuiu, ainda, para o desenvolvimento e divulgação do conhecimento no campo atuarial através da realização de livros e artigos. Também recebeu diversos prêmios e homenagens em vida e postumamente pela sua contribuição no desenvolvimento da área das Ciências Atuariais. Faleceu no Rio de Janeiro em 29 de maio de 2005.

 

Saiba mais sobre as Ciências Atuariais:

 

  • Vídeos:

 

Debate Tema Livre: edição 001 – O que são as Ciências Atuáriais?

 

https://youtube.com/live/A9rFCQ6QB2s

 

 

 

 

Debate Tema Livre: edição 002 – Uma conversa sobre as Ciências Atuariais.

 

 

https://youtube.com/live/cqH6-GgQ2F4

 

 

 

 

 

Leia mais notícias sobre "Temas Atuariais" na Revista Tema Livre clicando em:

 

 

– O mercado actuarial e a falta de profissionais qualificados

 

 

– Ranking: conheça as 13 profissões mais difíceis de explicar e veja qual a posição do "atuário"

 

 

– Ciências Atuariais está entre as três carreiras que pagam melhor aos seus estagiários

 

 

Acesse a seção "TEMAS ATUARIAIS" clicando aqui.

 

 

 

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Coração de D. Pedro chega ao Brasil

Niterói, 21 de agosto de 2022

Da redação

Imagem do coração de D. Pedro I

Em função dos 200 anos da independência brasileira, o coração do primeiro imperador do Brasil chegará ao país amanhã. A relíquia estava no Porto desde a década de 1830, seguindo o pedido de D. Pedro, que faleceu em Queluz (nas proximidades de Lisboa), em 1834, mas que queria que o seu coração estivesse na cidade situada no norte de Portugal.
Pela fragilidade do material, especialistas criticam o seu translado até o Brasil. Há, por exemplo, o risco do órgão ser dissolvido. Além disso, qualquer descuido envolvendo a temperatura ou a pressurização da aeronave da Força Area Brasileira (FAB) que trará o coração poderá gerar grave avaria.  No entanto, a câmara municipal do Porto votou favoravelmente ao pedido brasileiro, que pediu a vinda do órgão, que chegará a Brasília em voo da FAB amanhã (22/8) e, na terça (23), estará em solenidade no Palácio do Planalto. O coração ficará exposto no Itamaraty e, no dia 8 de setembro, retornará a Portugal.

 

Restos mortais de D. Pedro
Essa não é a primeira vez que os restos mortais do imperador brasileiro e rei português são utilizados em celebrações atreladas à Independência. Em 1972, no sesquicentenário, o governo Médice trouxe parte da ossada de D. Pedro. Os restos mortais foram expostos em várias cidades brasileiras, até serem depositados no Monumento da Independência, em São Paulo. Agora, no bicentenário, o coração ficará apenas em Brasília. 

 

 

Conhecimento e cultura 

Arte da série de lives da revistatemalivre.com

No ano do bicentenário da independência do Brasil, a revistatemalivre.com realiza série sobre o assunto. No canal do YouTube já estão disponíveis 15 entrevistas com pesquisadores de universidades brasileiras e estrangeiras, somando mais de 18h de lives.

 

Confira a programação das próximas semanas (de 22 a 31 de agosto):

 

Segunda, 22 de agosto, às 19h
Convidado: Prof. Dr. Javier Fernández Sebastián (Universidad del País Vasco)
UNA HISTORIA INTELECTUAL Y CONCEPTUAL DE LAS INDEPENDENCIAS

 

Quarta, 24 de agosto, às 19h
Convidada: Prof.ª Dr.ª Ana Paula Medicci (UFBA)
SÃO PAULO E A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL.

 

Segunda, 29 de agosto, às 19h
Convidado: Prof. Dr. Fábio Ferreira (UFF)
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL NO URUGUAI: O CASO DO ESTADO CISPLATINO ORIENTAL.

 

Quarta, 31 de agosto, às 19h
Convidado: Prof. Dr. Frederico Lustosa da Costa (UFF)
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL DO TEMPO DA INDEPENDÊNCIA.
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Não perca nenhum episódio. Se inscreva clicando em https://www.youtube.com/revistatemalivre

 

 

 

 

Brasil: 200 anos da Independência

Niterói, 31 de julho de 2022.
Da Redação

 

A série da revistatemalivre.com cresceu e entra em nova fase, com lives duas vezes na semana.

 

Arte da série de lives da revistatemalivre.com

 

“Brasil: 200 anos da Independência”, série de lives da revistatemalivre.com que estreou em maio no YouTube, cresceu e deixará de ocorrer apenas uma vez por semana (às quartas, às 19h). A partir de agosto, nessa nova fase, as entrevistas acontecerão duas vezes na semana, às segundas e quartas, mantendo o horário das 19h.

 

No próximo mês, entre os muitos prismas que o processo de Independência pode ser analisado, as lives tratarão dos impactos da emancipação brasileira de Angola à fronteira Oeste do Brasil, passando por áreas como Goiás, São Paulo, Pará e Uruguai, que, à época, era designado de Estado Cisplatino Oriental. 

 

Além da reverberação do Ipiranga em várias regiões, em agosto serão debatidas a literatura que fazia-se, tanto no Brasil, quanto em Portugal, à época, assim como o perfil da administração pública em torno de 1822. A história conceitual da Independência e a análise da memória e das imagens produzidas sobre esse episódio histórico também ganharão destaque no mês que se inicia-se amanhã.
  

 

Confira a programação de agosto:

 

Segunda, 01 de agosto

Título: "Os impactos da Independência do Brasil em Angola"

Convidado: Prof. Dr. Gilberto da Silva Guizelin (UFPR)

 

 

 

 

Marieta de Moraes Ferreira é a vencedora do Prêmio Michel Marie Le Ven de Reconhecimento em História Oral

Niterói, 9 de junho de 2022.

Na última sexta (03/06), a Associação Brasileira de História Oral (ABHO) divulgou em suas redes sociais que a Prof.ª Dr.ª Marieta de Moraes Ferreira (UFRJ/FGV) foi a vencedora da 1ª edição do Prêmio Michel Marie Le Ven de Reconhecimento em História Oral, premiação concedido pela referida organização.
Ao longo de sua trajetória acadêmica, a historiadora fluminense tem contribuído para o desenvolvimento da historiografia brasileira, incluindo aí pesquisas referentes à História Oral. Seu livro “Usos e Abusos da História Oral”, escrito em parceria com Janaína Amado e cuja primeira edição data de 1996 (atualmente, está na 8ª, algo raro para livros acadêmicos), é leitura obrigatória para qualquer pesquisador que queira trabalhar com entrevistas. Além disso, a pesquisadora teve participação ativa na criação da ABHO, tendo sido, no período de 1994 a 1996, sua presidente. 
A entrega da honraria será durante o “XVI Encontro Nacional de História Oral”, que ocorrerá, no próximo mês, no Rio de Janeiro.

 

Acervo: leia entrevista concedida pela Prof.ª Dr.ª Marieta de Moraes Ferreira à revistatemalivre.com clicando aqui.

 

Podcast: ouça o podcast revistatemalivre.com intitulado "A História e o ofício do historiador", que teve como convidada a Prof.ª Dr.ª Marieta de Moraes Ferreira, clicando aqui.

 


Abaixo, a nota que a diretoria da ABHO divulgou em sua página do Facebook sobre o prêmio concedido a Marieta de Moraes Ferreira:

(Extraído de https://www.facebook.com/associacaobrasileiradehistoriaoral/photos/a.582463001812658/5332265203499057/)

 

 

“PRÊMIO MICHEL MARIE LE VEN DE RECONHECIMENTO EM HISTÓRIA ORAL
A Associação Brasileira de História Oral (ABHO) tem enorme prazer em comunicar todos os seus associados e a comunidade acadêmica o nome da vencedora do Prêmio Michel Marie Le Ven de Reconhecimento em História Oral, instituído em 2022 e outorgado pela primeira vez. A partir do presente ano, a honraria concedida bianualmente e oferecida em cerimônia a ser realizada durante os encontros nacionais de história oral promovidos pela ABHO.
O prêmio integra-se às demais condecorações oferecidas pela ABHO e tem como objetivo valorizar e homenagear indivíduos que tenham oferecido contribuições significativas para o desenvolvimento da prática de história oral no Brasil, sua reflexão e difusão, celebrando a trajetória de profissionais indispensáveis para a constituição e consolidação da área de estudos.
O prêmio recebe o nome de Michel Marie Le Ven (1931-2021), pioneiro na prática de história oral no Brasil, filiado à ABHO, diretor para a região Sudeste (1998-2000), membro do conselho fiscal (1996-1998), membro do conselho editorial da revista História Oral (2000-2002), e participante ativo da comunidade brasileira de história oral, como tributo ao seu importante papel na divulgação da metodologia e à solidez e coerência manifestada ao longo de sua trajetória, no trato ético e responsável com os depoimentos pessoais.
O prêmio tem caráter não competitivo e seus recipientes são escolhidos a partir de consulta à Diretoria ampliada da ABHO, composta pela Diretoria Nacional, Diretorias Regionais, Conselho Científico, Conselho Fiscal e Comitê Editorial. Em conformidade com a portaria de instituição do prêmio, a Diretoria ampliada foi consultada e uma das indicadas recebeu número superior à metade das indicações recebidas, sendo automaticamente considerada a recipiente do prêmio.
* * *
AGRACIADA NO ANO DE 2022
MARIETA DE MORAES FERREIRA
Professora, pesquisadora, historiadora, escritora, editora e primeira presidente da Associação Brasileira de História Oral (ABHO), Marieta de Moraes Ferreira é uma referência intelectual e profissional incontornável para todos os praticantes de história oral no Brasil.
Enquanto professora do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Centro de Pesquisa e Documentação em História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV), Ferreira envidou desde os anos 1990 esforços pessoais e coletivos em favor do amadurecimento dos debates sobre história oral, no âmbito da história do tempo presente, bem como de seu estabelecimento e afirmação institucional como uma área interdisciplinar.
Participou das primeiras discussões que levaram à fundação da ABHO, da qual foi presidente de 1994 a 1996 e vice-presidente de 2006 a 2008, além de membro de diferentes comitês ao longo das gestões. Teve papel indispensável na articulação da história oral feita no Brasil com a comunidade internacional, participando de várias conferências nacionais e internacionais, inclusive da conferência de Gotemburgo, em 1996, na qual foi criada a International Oral History Association, da qual foi vice-presidente por duas gestões e presidente de 2000 a 2002.
Não menos impressionante é a produção intelectual consistente e incessante de Ferreira, que inclui artigos e ensaios que contribuíram enormemente para o processo de legitimação do trabalho com fontes orais em diferentes disciplinas, e que persistem amparando teórica e conceitualmente a prática da história oral. Coube a Ferreira, ainda, a co-organização de uma das publicações mais influentes no país, o volume Usos e abusos da história oral, apenas um dos diversos livros por ela assinados.
A atual gestão da Associação Brasileira de História Oral tem o prazer de contar com a participação de Ferreira no comitê editorial da revista História Oral e no grupo de trabalho Memória da ABHO, o que atesta seu compromisso duradouro com a área e com a associação.
Por essas razões, temos o enorme prazer de convidar a professora Marieta de Moraes Ferreira a receber o Prêmio Michel Marie Le Ven de Reconhecimento em História Oral durante o “XVI Encontro Nacional de História Oral: Pandemia e Futuros Possíveis”, que acontecerá de 25 a 28 de julho de 2022, incidentalmente sediada em suas duas instituições de vínculo, a UFRJ e a FGV.
Diretoria Nacional
Associação Brasileira de História Oral”

 

 

 

 

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Universidade de Buenos Aires é incluída na lista UCAP da Society of Actuaries

Niterói, 06 de junho de 2022

 

Por Federico Tassara
Atuário Sênior da Munich Re (Sul da Europa e América Latina) | Presidente do Comitê Latino-americano da Society of Actuaries.

 

Tradução Fábio Ferreira
Professor Associado da Universidade Federal Fluminense (UFF) | Filiado à Society of Actuaries.

 

Na última semana, o curso de Ciências Atuariais da Universidade de Buenos Aires foi incluído na lista UCAP da Society of Actuaries (SOA) na categoria Advanced Program. É a primeira vez que uma universidade da América Latina é alçada à mencionada categoria e, ao menos até o momento, também é a única de língua espanhola a compor o referido grupo.

O reconhecimento implica que seu plano de estudos inclui o conteúdo completo de pelo menos quatro exames da SOA, inclusive os avançados de vida/gerais, e todos os VEE que são requeridos para a credencial ASA (Estatística, Economia e Contabilidade).

A designação implica em benefícios para os estudantes do curso no acesso a livros, eventos e exames da SOA.

 

O que são, para os atuários, as Universidades UCAPs?

A SOA apoia a formação de atuários no âmbito universitário, construindo e fortalecendo a relação entre o meio acadêmico e o mercado de trabalho. Além disso, como um dos caminhos para a concretização do referido objetivo, a organização sediada nos Estados Unidos tem catalogada as universidades que oferecem formação atuarial ao redor do mundo, que cumpram, a seu turno, determinados requisitos acadêmicos que estejam em sintonia com as ementas dos exames da SOA. Estas universidades são denominadas Universidades e Colleges com Programas Atuariais (do inglês, Universities & Colleges with Actuarial Programs, ou seja, UCAPs).
Esta designação serve como orientação para os estudantes que buscam formação acadêmica na área de Ciências Atuariais. Para uma universidade fazer parte da lista UCAP, a instituição deve manter a oferta de cursos para pelo menos dois exames da SOA e ter cursos aprovados para ao menos um exame VEE.

 

Existem três categorias UCAP:

 

UCAP – Currículo Introdutório (UCAP-IC): deve oferecer o curso durante ao menos dois exames preliminares da SOA e ter cursos aprovados para ao menos uma área temática do VEE.

 

UCAP – Currículo Avançado (UCAP-AC): deve haver o oferecimento do curso para pelo menos quatro exames preliminares da SOA, sendo que um dos quais deve ser o Exame LTAM ou o Exame STAM e cursos aprovados para todas as áreas temáticas de Validação por Experiencia Educativa (VEE).

 

Centros de Excelência Atuarial (CAE): os CAE são o nível mais alto de reconhecimento que a SOA oferece às universidades. Devem ter requisitos específicos relacionados à graduação, currículo, o número de pós-graduados, composição do corpo docente, qualidade da pós-graduação, integração acadêmica, conexão com a indústria e a pesquisa/bolsa. 

 

Confira a lista completa de Universidades UCAP:

https://www.soa.org/institutions/

 

 

Saiba mais sobre "Temas Atuariais":

 

– No canal da revistatemalivre.com no YouTube: "O que são as Ciências Atuariais?" Debate Tema Livre (Edição 001/Estreia)

 

 

 

– No canal do Saber em Movimento (Depto de Ciências Atuariais e Finanças/UFF) no YouTube: "Certificaciones Actuariales Internacionales: la profesión actuarial alrededor del mundo".

 

 

 

 

 

Leia mais notícias sobre "Temas Atuariais" na Revista Tema Livre clicando em:

 

 

O mercado actuarial e a falta de profissionais qualificados

 

 

– Ranking: conheça as 13 profissões mais difíceis de explicar e veja qual a posição do "atuário"

 

 

– Ciências Atuariais está entre as três carreiras que pagam melhor aos seus estagiários

 

 

Acesse a seção "TEMAS ATUARIAIS" clicando aqui.

 

 

 

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O mercado actuarial e a falta de profissionais qualificados

Por Estêvão Martins | De Luanda, Angola.

 

Matias Muessapi disse que a maior parte dos profissionais que começaram a trabalhar em seguros em Angola tiveram formação no exterior, nomeadamente Portugal e Brasil e a nível do actuariado a situação não difere.

O mercado actuarial em Angola é ainda incipiente, mas tem uma grande margem de crescimento e de oportunidades, cujos desafios passam sobretudo pela formação de quadros, revelou Matias Muessapi, gestor de seguros e actuário na Aliança Seguros.

Falando sobre o ‘Mercado Actuarial em Angola’, programa transmitido no canal do Youtube ‘Saber em Movimento’, com Fábio Ferreira, professor da Universidade Federal Fluminense do Brasil, o gestor sublinhou que as seguradoras nacionais têm muito que aprender e crescer, fundamentalmente a nível da formação de quadros, uma vez que os primeiros licenciados em seguros começaram a surgir no mercado apenas o ano passado.

Conforme disse, a maior parte dos profissionais que começaram a trabalhar em seguros em Angola tiveram formação no exterior do País, nomeadamente Portugal e Brasil e a nível do actuariado a situação não difere em nada.

“A Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto é a única instituição de ensino em Angola que no curso de matemática ministra a algum conteúdo ligado ao actuariado, relativamente à estatística, cálculo financeiro e matemática actuarial”, disse.

Matias Muessapi refere que os conteúdos não são suficientes nem satisfatórios, na medida em que são apenas leccionados em um único semestre de um ano lectivo. Como consequência, observa, o formando não adquire conhecimentos suficientes que lhe permite actuar a nível do actuariado, como deve ser, ao contrário daqueles que completam uma licenciatura em ciências actuariais.

Afirma que a maior parte dos profissionais que até 2017 trabalharam no mercado como actuários licenciaram-se em matemática naquela instituição pública de ensino.

Explica ainda que alguns fizeram o mestrado em ciências actuariais no exterior do País logo após a conclusão da sua formação no País. Ou seja, aponta, o mercado a nível de profissionais no ramo actuarial começou a crescer a partir daquele ano (2017).

Destaca também que actualmente existem poucas seguradoras com a função actuarial, porque é algo relativamente novo no mercado, apesar de existirem pessoas que actuam como actuários há mais de 20 anos.

O actuário nota que, no geral, existem poucos técnicos com um nível elevado de conhecimento sobre o actuariado e existem igualmente poucas seguradoras que têm um actuário responsável pela supervisão prudencial da companhia. Ou seja, como assinala, muitas empresas de seguros dependem de consultores expatriados, dentre eles portugueses e brasileiros.

Mas, no entanto, Muessapi enfatiza que a situação pode vir a mudar drasticamente nos próximos anos, na medida em que a nova Lei da Actividade Seguradora e Resseguradora, aprovada recentemente pela Assembleia Nacional determina que as empresas de seguros tenham pelo menos um actuário responsável pela supervisão.

 

Nova dinâmica

O actuário precisou que nos últimos anos tem havido uma nova dinâmica no que concerne à formação nessa área e a Associação de Seguradoras de Angola (ASAN) tem trabalhado em parceria com a universidade de Lisboa na formação de quadros nacionais.

A primeira turma de mais de 20 estudantes concluiu a formação entre 2017 e 2018 e a segunda turma está em fase de conclusão, sendo que as aulas têm sido ministradas em Luanda por três professores, dois portugueses e um angolano.

O gestor pontualizou ainda que a Associação Angolana de Actuários (AAAT) também tem feito o seu papel na união e mobilização da classe e muitos profissionais angolanos e não só têm prestado o seu apoio na formação de quadros, fazendo consultorias no sentido de fazer crescer o próprio mercado de seguros e a função actuarial.

Matias Muessapi reiterou que o actuário angolano lida com vários riscos, fundamentalmente aqueles ligado ao seguro Não Vida, entre eles o seguro de saúde, que conta maior subscrição de empresas, o seguro automóvel, multirriscos, seguro de acidente de trabalho, que é obrigatório por lei, além do co-seguro petrolífero, que é liderado pela ENSA.

 

O texto foi publicado originalmente no Jornal Mercado: Finance and Economy (Angola) no seguinte endereço: https://mercado.co.ao/mercados/o-mercado-actuarial-e-a-falta-de-profissionais-qualificados-GC1163899

A revistatemalivre.com agradece ao Grupo Media Rumos pela autorização para republicação.

 

Assista à entrevista que ocorreu no último dia 25 e deu início à 4ª temporada do Saber em Movimento (DCA – Proex/UFF)

 

 

Quer saber mais sobre as Ciências Atuariais? Assista à primeira edição do "Debate Tema Livre"

 

 

Se inscreva no canal da revistatemalivre.com no YouTube clicando no link a seguir:

https://youtube.com/revistatemalivre

 

 

 

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Os 200 anos da Independência do Brasil

Niterói, 04 de maio de 2022.
Da Redação.

Como é de conhecimento público, nesse ano, completam-se 200 anos da Independência do Brasil. Depois da realização das séries de entrevistas sobre os bicentenários da criação do Estado Cisplatino Oriental e das emancipações do México e do Peru, que ocorreram ao longo de 2021, a revistatemalivre.com inicia hoje o ciclo dedicado ao Brasil no seu canal do YouTube
O bicentenário brasileiro é oportunidade para agregar pesquisadores de diversas instituições nacionais e estrangeiras para discutirem o complexo processo de independência brasileiro sob vários prismas, abarcando questões econômicas, políticas e culturais, que envolveram diversos atores e grupos sociais de norte a sul do Brasil. Constitui-se em momento de reflexão e análise da sociedade brasileira e sua história.

As conversas ocorrerão, quinzenalmente, no canal da revistatemalivre.com no YouTube às 19h. Para assisti-las, basta clicar aqui

 

 

A estreia
Logo mais, às 19h, "Brasil: 200 anos da Independência" tratará das influências de Napoleão Bonaparte no Brasil da primeira metade do século XIX, além dos mercenários franceses que lutaram ao lado de D. Pedro I, da imigração francesa para o Rio de Janeiro e a influência da França no campo intelectual brasileiro, além de muito mais. O convidado é o historiador francês Patrick Puigmal (Universidad de Los Lagos/Chile).

A próxima conversa ocorrerá no dia 18 de maio, também às 19h, e a convidada é a historiadora norte-americana Kirsten Schultz (Seton Hall University/EUA). O título do bate-papo é “A Versalhes Tropical: a corte portuguesa no Rio e a Independência”. Não deixe de participar.

 

 

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revistatemalivre.com: 20 anos

Niterói, 23 de abril de 2022

Da redação

Há exatos 20 anos, entrava no ar a revistatemalivre.com, com o objetivo de divulgar o conhecimento. O caminho para a difusão foi a web.
Ao longo dos anos, artigos e entrevistas com pesquisadores de universidades de diversas partes do mundo. Matérias dedicadas a eventos acadêmicos no Brasil e no exterior. Lançamento de livros e notícias ganharam espaço na revistatemalivre.com.
Com o desenvolvimento tecnológico e o aumento de possibilidades de realizações através da web, aconteceram, ainda antes da pandemia, as nossas primeiras lives, com a exposição de temas da História.
Em 2020, quando a revistatemalivre.com completou 18 anos, as primeiras "Tema Lives" e o podcast "Tema Livre", com pesquisadores de universidades brasileiras e estrangeiras, além da estreia do nosso canal do YouTube. Em menos de um ano, entrevistas com pesquisadores de universidades da África, Américas, Ásia, Europa e Oceania e a realização de material em português, inglês, espanhol e francês.
Esse ano, em função dos 20 anos da revistatemalivre.com, várias estreias: no último dia 30 de março, aconteceu a primeira edição do Debate Tema Livre no YouTube. Além disso, em breve, a estreia, no nosso canal do YouTube, da nova série de lives da revistatemalivre.com, dedicada aos 200 anos da Independência do Brasil. Também neste ano, teremos a nova edição da revista, a de número 15, que contará com material de qualidade para o nosso qualificado público.

Por fim, nesse dia importante para a revistatemalivre.com, o nosso muito obrigado a todos que caminham conosco, seja nas redes sociais, seja no nosso canal do YouTube. Agradecemos a todos que participaram com #artigos, com entrevistas e com sua atenção assistindo as nossas lives e lendo a nossa #revista. Muito obrigado.


Equipe revistatemalivre.com

 

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Milton Santos é homenageado no espaço público de Salvador

Niterói, 28 de fevereiro de 2022

Foto do geógrafo em 1994/Foto: Jorge Maruta/USP Imagens

Depois de Paulo Gustavo tornar-se nome de rua em Niterói, retirando a homenagem ao cel. Moreira César, que morreu em Canudos, agora foi a vez do geógrafo Milton Santos (1926 – 2001) ter seu nome atrelado ao espaço público, não em Niterói, mas em Salvador. Desde o final de fevereiro, a prefeitura da capital baiana sancionou lei que transformou a então Av. Adhemar de Barros em Milton Santos.

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A trajetória de Milton Santos
Nascido em Brotas de Macaúbas, no interior da Bahia, Santos vem de uma família de professores. Já em Salvador, aos 15 anos, ele começou a lecionar geografia, porém, graduou-se em Direito na UFBA. Isso não impediu que o personagem abandonasse a geografia. Ele foi para Ilhéus lecionar no colégio municipal da cidade a mencioanda disciplina. Também a partir de Ilhéus, atuou no Jornal da Tarde.
Na década de 1950, Santos foi convidado a ingressar no doutorado na Universidade de Estrasburgo, na França, onde defendeu a tese 'O Centro da Cidade de Salvador'.
Em 1964, com o golpe militar, Santos chegou a ser preso e, ao abandonar o cárcere, foi lecionar na França, onde obteve o seu primeiro título de Doutor Honoris Causa. Também durante seu exílio, lecionou em universidades dos EUA, Canadá, Tanzânia, Venezuela e Peru.
De volta ao Brasil, atuou como professor na UFRJ até 1983. No ano seguinte, tornou-se titular na USP.
Em 1994, Santos recebeu o prêmio Vautrin Lud, considerado o "Nobel da Geografia", tendo sido o primeiro latino-americano a receber a distinção. No ano seguinte, tornou-se Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico e, em 1997, recebeu o #Jabuti de Literatura pelo livro A Natureza do Espaço – Técnica e Tempo, Razão e Emoção.
No que diz respeito aos seus livros, Santos publicou mais de 40, tanto no Brasil, quanto no exterior.

 

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Adeus ao historiador Aníbal Bragança (UFF)

Niterói, 05 de fevereiro de 2022.

Da Redação

Faleceu na madrugada de ontem (5/2) o historiador Aníbal Bragança aos 77 anos. Nascido em Santa Maria da Feira, o imigrante português adotou Niterói como sua. Aqui, Aníbal abriu livrarias, como a Pasárgada, que marcou gerações de niteroienses e, ainda, formou-se em História pela UFF. 
Sua relação com a Universidade de Niterói não parou aí. Foi professor da instituição e diretor de sua editora. Além disso, Aníbal também trabalhou na Biblioteca Nacional como Coordenador Geral de Pesquisa e Editoração e era membro da Academia Fluminense de Letras.
Como pesquisador, dedicou-se à História dos Livros e da Leitura, universo que explorou em seu doutorado na USP. Dentre os seus vários livros publicados, "Impresso no Brasil" obteve o 1° lugar no Prêmio Jabuti, principal premiação para livros do país. Também em suas pesquisas abordou imigrantes portugueses (como o editor e livreiro Francisco Alves) e a cidade de Niterói (com o livro sobre a Livraria Ideal, por exemplo).
Ao longo de sua trajetória, Aníbal Bragança realizou bastante, contribuindo para o desenvolvimento intelectual do país que o acolheu, sem esquecer a "Santa Terrinha". Vai com Deus, Aníbal! Essa é a nossa singela homenagem.
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Acervo
Releia a entrevista que Aníbal Bragança concedeu à Revista Tema Livre clicando em revistatemalivre.com/anibal12.html
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Seção notícia: "EdUFF tem novo diretor, o historiador Aníbal Bragança". 
https://revistatemalivre.com/eduffdiretor2015
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A família informa que o velório será a partir das 13h30 na capela 2 do Cemitério Parque da Colina em Niterói. O sepultamento está marcado para as 15h30.
O prefeito de Niterói, Axel Grael, decretou luto oficial de três dias.
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Não Olhe para Cima

Direção/Roteiro: Adam McKay

Elenco: Jennifer Lawrence, Leonardo DiCaprio, Mark Rylance, Cate Blanchett, Meryl Streep.

Produção: EUA, 2021.

Um dos filmes mais assistidos de toda a história da Netflix, “Não Olhe para Cima” estreou nos últimos dias de 2021 e traz ao público uma tragédia: pesquisadores de uma universidade (vividos por Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence) descobrem o cometa Dibiasky, que, em poucas semanas, se chocará com a Terra e destruirá a vida no planeta.
Inseridos em uma sociedade frívola, hipnotizada pelo ritmo frenético dos algoritmos da web, das mídias (sociais e tradicionais) e que se interessa pelo mundo das celebridades e da política transformada em circo tragicômico, a destruição da Terra se torna, também, um show e oportunidade para vários personagens e grupos sociais levarem o seu quinhão.
Em Hollywood, há quem lance filme sobre o cometa. Também há quem explore a situação em livro e a preocupação se haverá o Super Bowl. A presidente dos EUA (Meryl Streep), sempre auxiliada por seu filho (Jonah Hill) nas questões políticas e no uso exaustivo das redes sociais, pensa nos benefícios políticos que pode lograr com o Dibiasky. O dono de uma gigante da tecnologia (Mark Rylance), que pela sua fortuna leva os interesses de sua organização para dentro da Casa Branca, se opõe ao projeto da Nasa para o cometa, a ponto de Washington submeter-se ao empresário que quer extrair metais do corpo celeste. Para seduzir a população para o projeto, o CEO argumenta que a riqueza do Dibiasky acabará com a pobreza na Terra. Até mesmo o acadêmico interpretado por Di Caprio cede ao poder da fama. Em determinado trecho do filme, de um acadêmico que pelos cacoetes do ofício tem dificuldade de se comunicar com o grande público, vira estrela midiática, estampando jornais e fazendo peregrinação por vários programas de TV, beneficiando-se, portanto, desse universo.
Além disso, há aqueles que acusam os pesquisadores de marxistas e os que buscam soluções estapafúrdias, como a compra de pás para cavarem buracos para se protegerem do cometa. O que a ciência detectou é, para alguns, um complô, ou seja, o que os pesquisadores levaram à sociedade não passaria de uma grande mentira. Paralelamente, a cada dia o cometa aproxima-se e o risco de extinção da vida na Terra está para chegar. 
Porém, o que o filme mostra é que o que vale para uma sociedade anestesiada, embevecida por um mundo superficial e manipulada por oportunistas são os benefícios obtidos via uma tragédia anunciada, que foi politizada e explorada economicamente, mesmo que custe 7 bilhões de almas. Em um contexto de cloroquina, da junção da política com redes sociais, políticos e celebridades toscas, fake news, aquecimento global, dentre outros elementos que caracterizam a atualidade, o filme é uma sátira interessante da sociedade atual.

 

Spoiler
Não deixe de assistir aos créditos finais, pois em dois trechos surgem cenas importantes. Uma é a dos ricaços, que fugiram, em uma nave, em busca de outro planeta, já que a Terra foi destruída pelo cometa. A outra, é a do único sobrevivente da tragédia, o filho da presidente, que, esquecido pela mãe no nosso planeta, quer pelo seu celular mostrar a nova realidade através das redes sociais.

 

 

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Base de dados sobre os Palmares disponibiliza milhares de fontes históricas através da web

O mais conhecido quilombo brasileiro ganhou a base de dados Documenta Palmares, que reúne milhares de documentos históricos, centenas de obras e vários mapas sobre a sua história. A base é um instrumento de pesquisa sobre o mais importante movimento de resistência à escravidão da história do Brasil, sendo o resultado de pesquisas desenvolvidas pela Prof.ª Dr.ª Silvia Hunold Lara (Unicamp) nos últimos 15 anos. O site possui três sessões:

 

a) “Fontes” possibilita o acesso a mais de mil cópias digitais de documentos manuscritos e impressos que mencionam explicitamente os Palmares, produzidos entre 1595 e 1800, guardados por arquivos e bibliotecas brasileiros e estrangeiros. 

b) “Obras” disponibiliza informações sobre mais de 500 obras históricas, arqueológicas e literárias, livros didáticos, bem como materiais audiovisuais ou coletâneas que reuniram documentos sobre os Palmares, produzidos entre 1600 e 2021. 

c) “Mapas”, elaborada em coautoria com Felipe Aguiar Damasceno, permite visualizar a localização aproximada de alguns mocambos, vilas, aldeias indígenas, arraiais militares, sesmarias e trajetos de expedições para os quais há algum tipo de referência geográfica na documentação.

 

            Os mecanismos de busca permitem localizar, checar e cruzar dados e informações, tanto sobre os acontecimentos ocorridos ao longo do século XVII, quanto sobre o modo como foram narrados e lembrados ao longo do tempo, desde meados do século XVIII até nossos dias.

            Ao invés de oferecer uma narrativa linear ou uma explicação acabada sobre os habitantes dos mocambos e os eventos que eles protagonizaram, o site coloca à disposição dos interessados a matéria prima do historiador. Constitui, assim, uma plataforma que permite aprofundar e renovar os estudos sobre os Palmares que, até hoje, vêm sendo realizados com base em um conjunto relativamente reduzido de fontes, geralmente impressas.

 

 

Saiba mais sobre a base de dados no vídeo a seguir

 

 

 

 

Assista à entrevista com a Prof.ª Dr.ª Silvia Hunold Lara

 

 

 

 

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Cem anos da morte da princesa Isabel

Ao sancionar em 1888 uma das mais emblemáticas normas brasileiras — a Lei Áurea —, Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bourbon e Bragança, popularmente nominada princesa Isabel, "a Redentora", lapidou por definitivo seu nome entre os mais importantes da história nacional. No centenário de sua morte, ocorrida em 14 de novembro de 1921, a personalidade isabelina reflete uma mulher extremamente religiosa (engajada, crente e fiel), espiritualizada, letrada, otimista, autoritária e que buscou o reconhecimento de que estava apta a reinar — o que aconteceu por três vezes ao assumir interinamente o comando do Império, em meio a períodos de grande agitação social e política.

Filha de Dom Pedro II e Teresa Cristina de Bourbon, a princesa imperial, nascida em 1846, no Rio de Janeiro, só se tornou definitivamente a herdeira presuntiva do Império após a morte prematura de seus dois irmãos homens: o primogênito D. Afonso Pedro, falecido aos 2 anos, e D. Pedro Afonso, com pouco mais de 1 ano.

Com o caráter moldado por D. Pedro II para ser sua sucessora, a princesa imperial, assim como seu progenitor, adorava leitura, ciência, química, fotografia.

— Dom Pedro II era um conservador, parecido com seu avô D. João VI, já Dona Isabel era mais parecida com seu avô D. Pedro I, que era dos rompantes. Por ser mulher, era muito tolhida na sociedade em que viveu e na sua época era a única na política — explica o historiador Bruno da Silva Antunes de Cerqueira, coautor da obra Alegrias e Tristezas: estudos sobre a autobiografia de D. Isabel do Brasil, com a historiadora Fátima Argon.

A trajetória da princesa está documentada pelo Arquivo do Senado, em Brasília. Os registros revelam de congratulações a preocupações e apontam que muitos parlamentares não vislumbravam o comando em definitivo do Império nas mãos de uma mulher. 

Diferentes momentos da vida da Princesa Isabel (Imagens: Acervo da Biblioteca Nacional, do Arquivo Nacional e do Museu Imperial de Petrópolis)

Em agosto de 1850, as duas câmaras das Casas parlamentares se reuniram no Paço do Senado para a sessão de reconhecimento da princesa imperial como sucessora de seu pai, Dom Pedro II, no trono e na Coroa do Brasil. Dez anos depois, ao completar 14 anos, ela fez o juramento, diante da Assembleia Geral, como herdeira presuntiva do Império, no qual assegurou “manter a religião católica apostólica romana, observar a constituição política da nação brasileira, e ser obediente às leis, e ao imperador”.

Nos seus 18 anos, a princesa encontrava-se diante dos preparativos para seu casamento, firmado com o príncipe franco-germânico Luís Filipe Maria Fernando Gastão d'Orléans, o Conde d’Eu.

— Pensava-se no Conde d'Eu para minha irmã [princesa Leopoldina] e no Duque de Saxe para mim. Deus e os nossos corações decidiram diferentemente, e a 15 de outubro tinha eu a felicidade de desposar o Conde d'Eu — registrou a princesa Isabel.

A escolha do esposo da herdeira imperial, repudiada por alguns parlamentares, causava uma preocupação redobrada.

— Por ela ser mulher, os senadores e deputados, que eram absolutamente machistas, achavam que o marido é que iria mandar — esclarece o historiador Antunes de Cerqueira.

 

Casamento da princesa Isabel com o Conde d'Eu (Foto: Reprodução/União Monárquica Brasileira)

 

Em maio de 1871, foi aprovada pela Câmara e encaminhada ao Senado a proposta de outorga de consentimento para que o imperador pudesse deixar o país, em viagem à Europa por motivo do estado de saúde da imperatriz.

Tal autorização legal conclamava, na ausência de Dom Pedro II, a governança por parte da princesa imperial, pela primeira vez, como regente.

A manifestação ensejou debates no Plenário do Senado, com a defesa da proposta pelo presidente do Conselho de Ministros (primeiro-ministro), o senador Visconde do Rio-Branco (BA):

— O motivo é muito atendível e imperioso: a saúde de Sua Majestade a Imperatriz. (…) Nós, porém, pensamos que não há razão alguma para recear que uma ausência tão curta do chefe do Estado ponha em perigo a nação brasileira.

O senador J. M. Figueira de Mello (CE) não só defendeu a saída do imperador, como ratificou total e completamente as atribuições de poder moderador e de chefe do Poder Executivo à princesa.

Na contramão, o senador Zacarias de Góes e Vasconcellos (BA) demonstrou preocupação com a viagem, "diante de iminente reforma acerca da questão do estado servil" — que em alguns meses daria origem à Lei do Ventre Livre — e com as atribuições atribuídas no projeto à futura regente imperial.

Também contrário à saída do imperador, o senador Silveira da Motta (GO) foi convicto em propor ao menos uma data-limite para retorno, citando a “incerteza com que a regência continuará a funcionar como realeza temporária”.

Ao assegurar que o chefe do Estado estava sempre pronto a cumprir seus altos deveres, o presidente do Conselho de Ministros mais uma vez ponderou que “para o gabinete não é duvidoso que a regência, no caso de que se trata, compete à herdeira presuntiva da Coroa”.

Assim, em 19 de maio foi outorgado o consentimento ao imperador. No dia seguinte, Dona Isabel — assim chamada por ser alteza — fez seu juramento como regente diante da Assembleia Geral. Foi durante essa primeira regência que a princesa se tornou, aos 25 anos, a primeira senadora do Brasil, título assegurado a ela pela Constituição do Império.

 

Juramento da Princesa Isabel, no interior do Palácio do Conde dos Arcos (Pintura: Victor Meirelles)

O fim da escravidão nos Estados Unidos, em 1865, reforçou o espírito abolicionista no Brasil, onde por longos anos temeu-se a guerra civil em decorrência da procrastinação da abolição.

— Nessa primeira regência Dona Isabel era uma menina. Visconde do Rio-Branco, primeiro-ministro, é que detinha todo o poder. A Lei do Ventre Livre era obra sua, mas é claro que ele dá crédito à Dona Isabel, porque ele era um monarquista contumaz — explica Antunes de Cerqueira.

A par do comando de Rio Branco, a princesa imperial tinha completa noção do que fazia, conhecia o jogo político e sabia quem iria votar a favor ou contra à proposta da primeira lei abolicionista, segundo o historiador.

Muito esperada, a votação do projeto por deputados e senadores foi marcada por conflitos que perpassaram interesses políticos, partidários e escravocratas. 

Apenas dois dias após ter sancionado a Lei do Ventre Livre — que fixou a data de 28 de setembro de 1871 como o marco a partir do qual as mulheres escravizadas dariam à luz crianças livres —, a princesa imperial, grávida, fez sua primeira fala à Assembleia Geral, congratulando-se com os parlamentares pela extinção gradual do elemento servil.

— Esta última reforma marcará uma nova era no progresso moral e material do Brasil. É empresa que exige prudência, perseverantes esforços e o concurso espontâneo de todos os brasileiros. Tenho fé em que seremos bem sucedidos, sem prejuízo da agricultura, nossa principal indústria, porque esse cometimento é a expressão da vontade nacional, inspirada pelos mais elevados preceitos da religião e da política. O governo fará quanto lhe cumpre para a mais pronta e perfeita execução de tão importantes reformas, dedicando-lhes a mais solícita atenção — afirmou a regente.

Pouco tempo depois de Isabel ter encerrado sua primeira regência, o magistrado Sayão Lobato externou em sessão no Senado seus agradecimentos pelo tempo em que atuou como ministro da Justiça durante a primeira governança da princesa. Com Isabel, ele disse ter sido honrado com sua “graciosidade, extrema bondade e continuadas provas de confiança”.

 

harge do periódico 'Semana Ilustrada', em 1871, na sanção da Lei do Ventre Livre (Imagem: Biblioteca Nacional Digital)

 

Do fim da primeira regência até 1876, a princesa Isabel esteve completamente tomada pela vida íntima, assombrada pela dificuldade de gerar herdeiros. O primeiro aborto ocorreu em outubro de 1872, sucedido pela perda de um filho no parto, em 1874. Somente em outubro do ano seguinte nasceu o primeiro herdeiro da princesa, chamado Pedro de Alcântara em homenagem ao avô imperador.

Poucos meses depois, em março de 1876, a princesa imperial foi nomeada com totais poderes regente pela segunda vez, a partir de nova viagem do imperador. A segunda experiência no trono não lhe foi fácil, tornando-se ainda mais pesada com o registro de mais um aborto.

As eleições do final daquele ano foram marcadas por fraudes e violência. Sua extrema ligação com a Igreja a manteve na linha de severas críticas. A princesa também esteve no comando em um difícil período de pós-epidemia de varíola e de vindoura grande seca, que deixaram centenas de milhares de mortos.

Na abertura dos trabalhos legislativos do ano seguinte, a regente abrandou os acontecimentos turbulentos do período eleitoral e tratou do orçamento para o biênio 1877-1878. Aos parlamentares, ela assegurou que o governo procurou reduzir os gastos, mas que seria necessária a decretação de meios que fizessem desaparecer qualquer desequilíbrio entre a receita e a despesa:

— Causas conhecidas explicam o fato de não ter a receita pública atingido o algarismo em que foi calculada. Para segurança do crédito nacional, cumpre não confiar unicamente no aumento natural da renda. As obras de viação férrea e outras votadas exigem despesas a que não pode por si só fazer face a receita ordinária. E porque não fora prudente usar largamente dos recursos do crédito, atenta à nociva influência que os empenhos contraídos exercem sobre o presente e o futuro, é de bom conselho atender somente aos melhoramentos, que não possam ser adiados.

 

Princesa Isabel e seu primogênito, 1876. (Foto: Biblioteca Nacional)

 

Impossibilitada de comparecer à abertura da segunda sessão legislativa, em meados de junho de 1878, coube ao ministro e secretário de Estado dos negócios do Império, Antonio da Costa Pinto e Silva, transmitir aos parlamentares as palavras da regente, que não se esquivou de tratar da forte seca que assolava regiões do país.

— A prolongada falta de chuvas em algumas províncias do Norte e na de S. Pedro do Rio Grande do Sul acarretou sobre elas as provações inerentes a semelhante flagelo. O governo, auxiliado pela caridade particular, tem acudido as populações daqueles pontos do Império com gêneros alimentícios, autorizando ao mesmo tempo os presidentes a despenderem o que for preciso para aliviar os sofrimentos das classes mais necessitadas; e estudará os meios de prevenir, quanto for possível, os graves efeitos desse mal, de que periodicamente são vítimas, com especialidade as províncias do Norte.

Pouco tempo depois, o senador Góes de Vasconcellos, ao criticar a ausência do imperador, renegou afirmativas de que D. Pedro II não faria falta por ter deixado regente em seu lugar.

— Não procede a escusa. A virtuosa princesa, embora tenha, pela Constituição, plenos poderes para governar, é, afinal, simples regente, adstrita à vontade, às prescrições, aos conselhos do chefe ausente; não pode afastar-se daquilo que presuma ser a mente do augusto viajante. Demais a sua saúde não é muito vigorosa, segundo consta dos jornais, que, de vez em quando, anunciam que a princesa acha-se impedida de sair à rua e dedicar-se aos trabalhos de seu elevadíssimo cargo.

O machismo enraizado na época colocava recorrentemente em xeque as competências da princesa imperial. “Apático” era a palavra que definia o governo de Dona Isabel, segundo Góes de Vasconcellos, ao passo “que ela não governava como imperatriz, mas apenas como regente”.

— Ainda, se as circunstâncias do país fossem favoráveis, mas sendo críticas e cheias de dificuldades muito sérias, deverá estar à testa do governo quem ocupa efetivamente o trono, e não sua augusta filha. Ele, o sábio, o mais ilustrado dos monarcas do mundo, esse é quem devia estar no país à frente dos negócios — completou o senador.

Com o fim de sua segunda regência, a princesa voltou-se por completo à vida familiar. Em janeiro de 1878 veio o segundo herdeiro, príncipe D. Luís. Em Paris, em agosto de 1881, nasceu o terceiro filho, D. Antônio.

 

Plenário do Senado em 1888 (Foto: Antônio Luiz Ferreira e Alberto Henschel)

 

Com a partida de D. Pedro II para a Europa por recomendações médicas, aos 40 anos a princesa imperial iniciou a terceira e última regência, em julho de 1887, período tomado pelo crescimento do movimento abolicionista. Com seu apoio, não foram poucos os projetos pelo fim da escravidão apresentados na Câmara e no Senado.

Na presidência do Conselho de Ministros, o Barão de Cotegipe (BA) — líder da bancada escravagista — trabalhou pelo retardo das reformas que culminariam na abolição dos escravizados. O período foi ainda mais conturbado pela insubordinação militar no Exército brasileiro.

Em abril de 1888, a própria princesa imperial comandou, em cerimônia no Palácio de Cristal, a libertação dos últimos escravizados no município de Petrópolis.

— Fez o Gabinete todo e parlamentares subirem a serra para mostrar poder. Ela estava mostrando para aqueles homens o que era capaz de fazer — relata o historiador Antunes de Cerqueira.

Nessa mesma época, em uma manobra inteligente, a regente — certamente já bem mais madura politicamente — destituiu todo o gabinete e nomeou como novo presidente do Conselho dos Ministros o conservador pró-abolição João Alfredo Correia de Oliveira, em um ato que ela mesma nomeou de “golpe”.

Crítico da regente imperial, o liberal senador Saraiva (BA) destacou que a princesa queria que o ministério tivesse um homem da confiança dela, isto é, “um chefe de polícia que a deixasse dormir tranquilamente no seu palácio de Petrópolis”.

O senador Leão Velloso (BA) contestou comentários, dentro e fora do Parlamento, sobre os atos de Sua Alteza.

— No procedimento da Coroa nada se pode notar que não ache apoio nas doutrinas seguidas em outros países, ou não se harmonize perfeitamente com alguns precedentes.

Populares se reúnem em frente ao Paço Imperial no dia da sanção da Lei Áurea

 

Na abertura de sessão legislativa de maio de 1888, além de tratar de questões caras ao Brasil — como segurança pública, estado sanitário do país, educação, renda pública e organização militar —, a regente imperial não deixou de destacar a ânsia pelo fim da escravidão.

— A extinção do elemento servil, pelo influxo do sentimento nacional e das liberalidades particulares, em honra do Brasil, adiantou-se pacificamente de tal modo que é hoje aspiração aclamada por todas as classes, com admiráveis exemplos de abnegação da parte dos proprietários. Quando o próprio interesse privado vem espontaneamente colaborar para que o Brasil se desfaça da infeliz herança, que as necessidades da lavoura haviam mantido.

A princesa conclamou os parlamentares a não hesitarem “em apagar do direito pátrio a única exceção que nele figura em antagonismo com o espírito cristão e liberal das nossas instituições”.

Não demorou e, em 8 de maio, o gabinete de Correia de Oliveira encaminhou à Câmara dos Deputados a proposta de lei para a completa extinção da escravidão no Brasil. Bem recebido pelas duas Casas, o projeto foi aprovado pelos deputados dois dias depois. Quando chegou ao Senado, no dia 11, foi constituída comissão especial para apresentar parecer sobre a proposta.

 

Assinatura da Lei Áurea por Sua Alteza Real Princesa Isabel (Pintura: Victor Meirelles)

 

A urgência com que a matéria foi tratada nas duas Casas legislativas incomodou os escravagistas, que não se conformavam com a perda dos escravizados e de não haver qualquer previsão de ressarcimento aos seus então proprietários.

O senador Paulino de Souza (RJ), ao confessar-se vencido pelo projeto da Lei Áurea, lembrou que em 1885 “achávamos em plena propaganda abolicionista” e que a proposta que os parlamentares iriam votar era “inconstitucional, antieconômica e desumana”.

— Pois bem, é o governo regular do Brasil que, em contraposição àquele governo revolucionário, faz decretar, de um dia para outro, a abolição imediata, pura e simples, sem uma garantia para os proprietários, espoliando-os da propriedade legal, abandonando-os a sua sorte nos termos do nosso interior, entregando-os à ruína, expondo-os às mais temerosas contingências, sem também por outro lado tomar uma providência qualquer a bem daqueles, que voltam em grande parte à miséria e ao extermínio, nos primeiros passos de uma liberdade, de que, não preparados convenientemente, dificilmente saberão usar a seu benefício.

O senador afirmou “iludirem-se” aqueles que acreditavam remover uma grande dificuldade com a lei da abolição do elemento servil.

— Pelo contrário, é agora que recrescem, com a desorganização do trabalho e com a entrada de 700 mil indivíduos não preparados pela educação e pelos hábitos da liberdade anterior para a vida civil, as contingências previstas para a ordem econômica e social.

Com apoio de muitos no Plenário, o senador Dantas (BA) assegurou aos pares que a abolição da escravidão não marcaria para o Brasil uma época de miséria, de sofrimentos, de penúria.

— Uma simples consideração, porque a discussão longa virá depois, bastará para tranquilizar os que se aterrarem com os presságios dos honrados senadores que me precederam: dentro de espaço de 17 anos, 800 mil escravos têm desaparecido do Brasil. Pois bem, senhores, é justamente neste período que se nota maior riqueza no país, grande aumento de trabalho e com ele maior produção, e, como consequência, considerável aumento na renda pública.

As reformas liberais não poderiam representar, na opinião do parlamentar, um perigo ao Brasil, mas seriam “o complemento, o remate, a consequência natural do passo que estamos dando”.

O presidente do Conselho de Ministros, Correia de Oliveira, completou:

— Tem-se ainda apelado para os transtornos que desta proposta hão de provir. Sei bem que não se extirpa do organismo social um cancro secular sem que perturbações se operem. Nunca mais há de abrir-se, porém, a cicatriz desta ferida: e sobre ela se levantará — o patriotismo e o bom senso dos brasileiros o indica — o grande edifício da crescente prosperidade de nossa pátria.

 

 

Carta original da Lei Áurea (Lei Imperial 3.353) assinada pela princesa

 

No domingo de 13 de maio de 1888, apenas três dias após a deliberação do texto abolicionista na Câmara, o Senado aprovou a proposta, sancionada no Paço Imperial poucas horas depois pela regente imperial, aclamada a “Redentora”.

Sem poder agir publicamente pela abolição até janeiro de 1888, quando pôde externar seu abraço à causa já nacionalmente disseminada, a princesa Isabel agia na surdina — como em 1886, quando impediu a destruição do Quilombo do Leblon, portanto dois anos antes da completa abolição da escravidão.

— As pessoas não queriam dizer que a Lei Áurea, fruto de uma luta popular, dos líderes abolicionistas, que eram negros e brancos letrados, também foi uma luta palaciana. Isso ninguém queria reconhecer. Uma das coisas que mais incomodavam era o fato de que Dona Isabel tinha poder como mulher, porque era regente do Império, e ela atuou — expõe o historiador Antunes de Cerqueira.

Os chefes do movimento abolicionista (Joaquim Nabuco, André Rebouças e José do Patrocínio) eram três homens isabelistas, lembra ele:

— Isso tinha alguma significação: indica que eles queriam o terceiro reinado para implementar as reformas de que eles mesmos eram os baluartes. Ora, se o terceiro reinado não veio, como é que eles ou Dona Isabel podem ser culpados pelo pós-abolição? — questiona.

Os escravocratas denominaram a abolição como o “golpe de estado da Lei de 13 de maio”. Antunes de Cerqueira afirma que, ao sancionar a Lei Áurea, a princesa imperial fez algo que seu pai nunca faria. Tal discussão esteve em debate no Senado na época.

O senador Chistiano Ottoni (MG) tomou a palavra para retificar o que chamou de “inexatidões flagrantes”, como apontar Sua Alteza Imperial como a única que poderia decretar a lei de 13 de maio, “visto que seu pai seria incapaz de igual energia”.

— Ora, a verdade histórica é que o nome que há de ser citado no futuro como o primeiro autor da libertação é o do Sr. D. Pedro II. O começo da evolução, a aurora desse movimento, foi a carta escrita em 1866 pelo nosso ministro da Justiça aos sábios franceses prometendo a reforma; e desta carta declarou há dias o Sr. deputado Joaquim Nabuco que possui a minuta por letra do Imperador. Está, pois, a sua iniciativa mais que averiguada.

— Na verdade, os homens tinham asco dela por ser uma mulher com poder, ser a herdeira do trono. Ia ser a imperatriz, estar acima de todos eles, mandar. Eles eram machistas — diz o historiador Antunes de Cerqueira.

 

 

Isabel, o Conde d'Eu e o escritor Machado de Assis na Missa Campal da Abolição da Escravatura, em 17 de maio de 1888 (Foto: Antonio Luiz Ferreira, Coleção de Dom João de Orleans e Bragança/IMS)

 

A despeito de sancionar o ato abolicionista incondicional, a princesa continuava na mira das críticas, em especial da imprensa, muitas vezes agressiva. "Carola" e "retrógrada", por suas práticas religiosas, eram algumas das palavras que constantemente maculavam sua imagem.

Em meio à agitação política e econômica, a regente — favorável ao sufrágio feminino — acompanhava o crescimento de adesões a pedidos, de diferentes direções, para requerer mudanças na forma de governo.

Em setembro de 1888, o Papa Leão XIII concedeu a Rosa de Ouro à princesa Isabel. A honraria era destinada a personalidades católicas de grande destaque e benemerência, e foi outorgada a ela especialmente pela assinatura da Lei Áurea.

Tal fato acirrou ainda mais os debates no Senado, onde os parlamentares discutiram uma possível jura ou manifestação de obediência da regente à Santa Sé.

— Devo declarar que a notícia não é exata: não houve tal juramento — garantiu o presidente do Conselho, senador Correia de Oliveira.

A possibilidade de um futuro governo monárquico em definitivo nas mãos de uma mulher também inflava os debates na Casa.

O senador Soares Brandão (PE) explanou sobre o fato de mulheres oferecerem, em muitas partes do mundo, um reinado mais esplêndido do que os homens.

— Se é certo que elas não têm a grande virtude política de governo, que ordinariamente podem ter os homens (a de perdoar as injúrias); se são mais sensíveis, mais vingativas, mais nervosas, também é certo que têm sobre os homens uma imensa superioridade: não têm ciúmes, não têm invejas, os seus ministros não lhes fazem sombra; podem, pois, gloriar-se com o governo deles.

O retorno de Dom Pedro II ao comando do país, em agosto de 1888, não perpetuou por muito tempo sua governança, sucedida pela Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889.

— A República não foi feita contra a família imperial, mas claramente contra Dona Isabel, em seu terceiro reinado (os republicanos diziam que a abolição foi um confisco de propriedade e queriam indenização), e contra os negros. A República foi uma forma de impedir a politização do movimento abolicionista e ascensão dos negros — defende Antunes de Cerqueira.

Com a notícia da República, em vários lugares do país, como Rio de Janeiro, São Luís, Florianópolis e Cuiabá, os negros fizeram, nos dias subsequentes, rebeliões que terminaram com muitos mortos.  

— Os negros entendiam que Dona Isabel era legítima para reinar, porque ela, na verdade, do ponto de vista político, ameaçou seu próprio trono com a abolição. Eles achavam que mesmo ela sendo mulher, loira, branca e de olho azul, tinha legitimidade. A Guarda Negra da Redentora, que existia no Brasil inteiro, foi assassinada pela República Velha. São heróis anônimos — completa o historiador.

 

 Isabel, o Conde d'Eu e seus netos, na França, década de 1910. (Foto: Arquivo Nacional)

 

Com a República, chegou o exílio da família imperial, que desembarcou em Lisboa em dezembro do mesmo ano. Não tardou e semanas depois a imperatriz Teresa Cristina faleceu na cidade do Porto. A princesa Isabel e a família se mudaram para a França. Dom Pedro II morreu em dezembro de 1891, quando a princesa passou a ser reconhecida pelos monarquistas como a nova imperatriz.

Em 1920, o presidente da República, Epitácio Pessoa, deu fim ao banimento da família imperial. Com a saúde deteriorada, sem poder retornar ao Brasil, a princesa morreu em 14 de novembro de 1921, aos 75 anos, tendo sido inicialmente enterrada na França.

Ao declarar Isabel como “um grande nome da nossa história”, o senador Tobias Barreto (RN) pronunciou-se após sua morte:

— Parece que foi ironia do destino reservar a uma mulher o papel de consumar a grandiosa obra que os nossos homens de Estado durante 66 anos não souberam levar a cabo por si sós; ou então quis o destino que essa mulher constituísse um símbolo de bondade, para ficar na história, representando a forma incruenta pela qual realizamos uma verdadeira revolução, que a outros tinha custado caudais de sangue.

Isabelista, o senador afirmou que a princesa não era possuída da timidez do pai:

 — Quando lhe afrontavam os sentimentos, sabia defendê-los de viseira erguida.

Apesar de, poucos dias depois da morte de Isabel, ter sido apresentado projeto à Câmara dos Deputados para a repatriação de seu corpo, somente em 1953 os restos mortais chegaram, em navio de guerra, ao Brasil. Assim como o Conde d’Eu, ela foi reenterrada em 1971 na Catedral de São Pedro de Alcântara, em Petrópolis, santuário cuja obra foi iniciada pela própria princesa imperial, em 1884.

Está em andamento um pedido à Igreja de processo de beatificação de Isabel, enquanto no Congresso tramitam projetos de lei que sugerem a inserção de seu nome no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

— Os 100 anos de morte de Dona Isabel rememoram uma personagem nebulosa, fulcral, querida da população. Ela participou do processo abolicionista, mas isso foi negado e mal interpretado no próprio tempo em que ela viveu. A história dessa personagem explica um Brasil atual e também um Brasil que não veio — conclui Antunes de Cerqueira.

Fonte: Agência Senado

 

 

Saiba mais sobre o 13 de maio assistindo a entrevista a seguir

 

 

 

 

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Uma solenidade com um show de História

Niterói, 30 de setembro de 2021.

Da Redação

 

Na última segunda (27/9), o México parou para assistir a uma solenidade de grandes proporções, que contou com autoridades mexicanas, como o presidente da República, Andrés Manuel López Obrador, e estrangeiras, com ministros de países como França, Rússia, Índia, Belize e Sérvia. O evento aconteceu no Zócalo da Capital Federal e comemorava-se o bicentenário da consumação da Independência do México, pois entende-se o dia 27 como o do fim de um ciclio que iniciou-se com o Grito de Dolores, que também ocorreu em setembro, mas de 1810. Na verdade, o mês é considerado como "mês pátrio", pois além das duas independências, também foi o do nascimento de José María Morelos y Pavón.

 

O evento dedicado aos 200 anos do término do processo de emancipação contou com um belíssimo show, que trouxe vários episódios da história mexicana, como os conflitos entre os Astecas e Cortês, o grito de Dolores e a entrada do exército trigarante na cidade do México, que ocorreu a 27 de setembro de 2021.

 

Atores interpretaram personagens vinculados à Independência, como Morelos, Hidalgo e Iturbide. Em telões, textos e imagens históricas para o público. Houve, também, a reconstituição de aquarela em que Iturbide e seu exército passam por baixo de arco criado para recepcioná-los na Cidade do México há 200 anos. Na noite de celebração, a praça do Zócalo ainda foi iluminada por um belíssimo show de fogos. Sem dúvidas, a festa traz elementos para que os historiadores analisem a utilização da história nesse ano de 2021.

 

 

Debate com historiadores
A Revista Tema Livre iniciou nessa semana, no seu canal do YouTube, sua nova série de lives, que intitula-se "México Independiente: 200 años". Em nove episódios, pesquisadores de instituições da Espanha, Brasil e México tratarão do tema. Para assistir ao ciclo, é só clicar no link a seguir: https://www.youtube.com/revistatemalivre?sub_confirmation=1

 

 

 

 

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UFRJ é a melhor universidade federal do Brasil, avalia ranking britânico

QS Latin America 2022 avaliou as 416 melhores universidades da América Latina 

A UFRJ é a melhor universidade federal do país. A avaliação é do QS Latin America 2022, um dos mais respeitados rankings acadêmicos. O estudo, publicado no dia 25/8, foi produzido pela consultoria britânica Quacquarelli Symonds (QS). Nessa 11ª edição do ranking, 416 instituições da América Latina foram avaliadas. Na região latino-americana, a UFRJ ficou em nono lugar pela quarta vez consecutiva.

 

Segundo a reitora Denise Pires de Carvalho, é preciso mais investimento do governo federal na UFRJ para avanço da instituição.

 

“Foi com muita satisfação que recebi a notícia de que nós nos mantivemos neste ranking como a primeira universidade federal do Brasil em qualidade, e isso apesar dos cortes orçamentários que as universidades federais vêm sofrendo. Considerando todo o enfrentamento dessa crise sanitária – que, por enquanto, é a maior deste século –, mantermo-nos nesta posição no ranking é uma boa notícia, embora o que nós todos desejamos seja que possamos avançar: melhorar e ficar entre as primeiras da América Latina. As universidades federais brasileiras têm essa capacidade, têm essa pujança. Se o orçamento for recomposto, nós conseguiremos continuar nesse projeto de desenvolvimento do Brasil, que foi, nos últimos anos, estancado pelos cortes orçamentários, pela crise econômica, que não preservou essas instituições de Estado que deveriam ser preservadas de cortes orçamentários, porque, na verdade, o investimento em educação garante a maior geração de emprego e renda para todos os países que investem nessa área. Aguardamos a recomposição orçamentária, esperamos o respeito e o fortalecimento das nossas instituições para que possamos avançar nos rankings e ficar entre as primeiras da América Latina. Esse é um sonho que precisa se tornar realidade”, destaca.

 

A média da UFRJ na pesquisa foi de 91 pontos, de um total de 100. Ao todo, oito quesitos foram avaliados:

 

  • rede de pesquisa internacional;
  • publicações por faculdade;
  • quantidade de professores com doutorado;
  • impacto na internet;
  • citações por artigo;
  • artigos por faculdade;
  • reputação acadêmica;
  • reputação entre empregadores.

 

A Universidade teve nota máxima em dois indicadores: impacto na internet e quantidade de professores com doutorado.

 

Entre as 95 universidades brasileiras classificadas, três aparecem entre as dez melhores da América Latina − além da UFRJ, a Universidade de São Paulo (USP), que ficou na segunda posição, atrás apenas da Pontifícia Universidade Católica do Chile, e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que ficou em sétimo lugar.

 

A UFRJ

 

Foto aérea do campus Praia Vermelha em perspectiva com o Pão-de-Açúcar
Na foto aérea, o histórico campus da UFRJ na Praia Vermelha | Foto: Gabriela d’Araujo (Acervo Coordcom/UFRJ)

 

 

Maior universidade federal do Brasil, a UFRJ é a primeira instituição oficial de ensino superior do país, com atividade desde 1792 (Escola Politécnica, a sétima escola de Engenharia do mundo e a mais antiga das Américas) e organizada como universidade em 1920. Presença registrada nas 15 melhores posições dos mais diversos rankings acadêmicos na América Latina, a instituição conta, hoje, com 172 cursos presenciais de graduação, 4 de graduação a distância, 315 de especialização e 224 programas de pós-graduação (mestrado, doutorado e pós-doutorado).

 

Segundo o Ranking Universitário Folha, a UFRJ é a universidade mais inovadora do país, o que também se deve à sua pluralidade: seu corpo social é composto por mais de 65 mil estudantes (anualmente, 5 mil se formam todo ano na graduação e 2,6 mil dissertações e teses são produzidas), 4 mil docentes (9 em cada 10 têm doutorado), 3,7 mil técnicos-administrativos atuantes nos hospitais da UFRJ e 5,6 mil nas demais unidades.

 

A Universidade tem estrutura similar à de um município de médio porte. Antes da pandemia de  COVID-19, a Cidade Universitária, campus principal, tinha circulação diária de cerca de 100 mil pessoas. Compatível com o seu grau de relevância estratégica para o desenvolvimento do país, a UFRJ formou uma sucessão de ex-alunos notáveis, como Osvaldo Aranha, indicado ao Prêmio Nobel da Paz; os escritores Jorge Amado e Clarice Lispector; o arquiteto Oscar Niemeyer; os médicos Oswaldo Cruz e Carlos Chagas; os jornalistas Fátima Bernardes e Ali Kamel e o matemático Artur Ávila, primeiro latino-americano a receber a Medalha Fields, oferecida a matemáticos com até 40 anos e equivalente ao Prêmio Nobel. Quarta instituição que mais produz ciência no Brasil, a UFRJ possui dois campi fora da capital fluminense: um em Macaé e outro em Duque de Caxias. Com projetos de ponta nas áreas científica e cultural, a antiga Universidade do Brasil tem sob seu escopo 9 hospitais universitários, 13 museus, 1.450 laboratórios, 45 bibliotecas e um Parque Tecnológico de 350 mil metros quadrados, com startups e empresas de protagonismo nacional e internacional.

 

Texto: Victor França.

Fonte: ufrj.br

 

A Pesquisa no Brasil

Assista ao bate-papo ente os Profs. Drs. Fábio Ferreira (UFF) e Pedro Demo (Emérito da UnB) sobre a pesquisa no Brasil e suas implicações na sociedade brasileira contemporânea. 

 

 

 

 

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Universidades públicas lideram ranking brasileiro de patentes

A UFMG é a líder brasileira no registro de patentes.

O ranking brasileiro de patentes é liderado por universidades públicas. Entre 2014 e 2019, dos 25 maiores depositantes de produtos ou serviços, 19 são instituições de educação superior públicas. Os dados são do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), responsável por esses registros.

Entre os destaques estão as Universidades Federais da Paraíba, de Minas Gerais, de Campina Grande e a Universidade de São Paulo.

A patente garante exclusividade a algum produto ou serviço por um determinado tempo a uma empresa, instituição de ensino ou pessoa física. Os critérios para ter esse direito são a inovação e que a invenção possa ser industrializada.

Felipe Augusto Oliveira, coordenador geral de disseminação para inovação do INPI, destaca que além de proteger as pesquisas e produtos, é importante enxergar esses pesquisadores como empreendedores tecnológicos.

“As universidades ao longo do tempo, principalmente após a promulgação da Lei de Inovação, em 2004, vêm adquirindo conhecimento e enxergando a importância estratégica de não apenas publicar seus artigos, mas também proteger essas invenções através de direitos de propriedade intelectual”, afirmou.

Segundo Felipe Augusto Oliveira, as empresas brasileiras também precisam investir nesses depósitos de patentes.

“Então esse é o grande desafio brasileiro, que não apenas as universidades apareçam bem nesse ranking, mas também a gente comece a ter uma participação mais efetiva das empresas brasileiras, principalmente as nacionais, com relação a enxergar o valor do uso da propriedade intelectual para a alavancagem de negócio, de melhoria na competitividade não só no mercado brasileiro, mas em mercados internacionais”, concluiu.

Diferente do Brasil, em países como Estados Unidos, China, Coreia do Sul, e Dinamarca, os líderes do ranking de patentes são as empresas privadas.

 

Por Larissa Lousrhania (Estagiária da Rádio Nacional) com supervisão de Sheily Noleto.

Fonte: Empresa Brasil de Comunicação (EBC) 

 

 

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Há 200 anos, o território que é hoje o Uruguai tornava-se parte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves

Niterói, 08 de agosto de 2021

No dia 08 de agosto de 1821, portanto, há exatos 200 anos, o Congresso Cisplatino era dissolvido. Sua última ordem foi a de enviar cópias de suas atas ao general português Carlos Frederico Lecor para que o militar as enviasse a D. João VI e às Cortes de Lisboa. Porém, muitos leitores devem estar se perguntando o que foi esse Congresso? Qual a sua relação com o título do texto? Quais informações estavam contidas nas atas?
Para a obtenção das respostas, é necessário recuar a 1816, quando D. João invadiu a Banda Oriental, denominação que o território que é hoje o Uruguai tinha na época. Para conduzir o governo português da área ocupada, foi designado o general Lecor, que a administrou através de coalização com uma série de setores da sociedade local. Com a eclosão, em 1820, do movimento liberal em Portugal, e consequentemente com a drástica mudança nos destinos da política do Reino Unido português, que incluiu o retorno de D. João VI à Europa e o estabelecimento das Cortes Gerais em Lisboa para a elaboração de uma constituição, o recém empoçado ministro dos Negócios Estrangeiros e Guerra, Silvestre Pinheiro Ferreira, quis definir o futuro da ocupação militar no Prata.
Foi ordenado que em Montevidéu se estabelecessem Cortes, no modelo das de Lisboa, para que a sociedade local decidisse o futuro da invasão. Unidos, Lecor e atores locais montaram um jogo de cartas marcadas para que as Cortes de Montevidéu, ou Congresso Cisplatino (nome como as reuniões que se iniciaram em julho de 1821 ficaram conhecidas pela historiografia), decidissem pelo que lhes interessava: a união do que é hoje o Uruguai à monarquia portuguesa – fato histórico que teve o seu bicentenário nesse ano. 
O Congresso Cisplatino iniciou-se em um domingo, no dia 15 de julho de 1821. Três dias depois, os deputados votaram, unanimemente, pela incorporação. No dia 23, por decisão dos congressistas, a antiga Banda Oriental passou a chamar-se Estado Cisplatino Oriental. No dia 31, Lecor aceitou a incorporação em nome de D. João VI. No quinto dia de agosto ocorreu o juramento de incorporação, participando, do ato, Lecor, os congressistas e todas as autoridades e funcionários de Montevidéu. No dia 8 de agosto de 1821, uma quarta-feira, houve a dissolução do Congresso Cisplatino e a ordem para que fossem enviadas a Lecor as suas atas, pois o general deveria mandá-las para Lisboa. Nos documentos, a votação dos deputados, bem como o argumento dos aliados de Lecor, para que o território que é hoje o Uruguai se tornasse parte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. 
Aparentemente, Lecor e seus atores sociais alcançavam os seus objetivos. Porém, a História é sempre mais complexa e, com 200 anos de vantagem, sabemos que o projeto cisplatino não vingou. O Reino Unido português dividiu-se, o Brasil tornou-se um Império a parte e, em 1825, eclodiu a Guerra da Cisplatina, que resultou na criação da República Oriental do Uruguai.

 

Bicentenário da criação do Estado Cisplatino Oriental
Em razão dos 200 anos da Cisplatina, a Revista Tema Livre aproveitou a oportunidade para debater esse episódio histórico e realizou uma série de lives com historiadores de diversas instituições da Argentina, Brasil, EUA e Uruguai. Assista à série completa no nosso canal do YouTube. Acesse: https://www.youtube.com/revistatemalivre

 

Lista dos episódios
1) Live de abertura: "Los partidarios de la corona española en la Cisplatina"
Convidada:  Prof.ª Dr.ª Ana Ribeiro (Investigadora, actual Vice Ministra de Educación y Cultura de Uruguay)

 


2) “Antes da Cisplatina: Sacramento, Montevidéu e os interesses portugueses no Rio da Prata”
Convidado: Prof. Dr. Fabrício Prado (College of William and Mary)

 


3) "O Congresso Cisplatino: a incorporação de Montevidéu e a sua campanha à monarquia portuguesa"
Convidado: Prof. Dr. Fábio Ferreira (Universidade Federal Fluminense – UFF)

 


4) Panfletos, jornais e a linguagem política na Cisplatina.
Convidado: Prof. Dr. Murillo Dias Winter (USP/FAPESP)

 


5) Live de enceramento: "El ciclo revolucionario en Iberoamérica. El Río de la Plata y Brasil en el escenario Atlántico"
Convidada: Prof.ª Dr.ª Marcela Ternavasio (Instituto de Estudios Críticos en Humanidades/Universidad Nacional de Rosario/CONICET)

 


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Há 30 anos, criação do Mercosul pôs fim às tensões históricas entre Brasil e Argentina

Neste ano, completam-se 30 anos que os presidentes do Brasil, da Argentina, do Uruguai e do Paraguai, reunidos em Assunção, assinaram o documento de criação do Mercosul. Desse ato, nasceu um bloco regional que hoje, se fosse um único país, surgiria como a 9ª maior economia do planeta. Sozinho, o Brasil é a 12ª economia mundial, pelas estatísticas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Documentos guardados no Arquivo do Senado mostram que os senadores, de Brasília, acompanharam com atenção a histórica cerimônia internacional de 26 de março de 1991, na qual Fernando Collor, Carlos Menem, Luis Lacalle e Andrés Rodríguez firmaram o Tratado de Assunção.

— Na solenidade, o presidente Collor disse: 'Começamos a escrever nossa própria modernidade'. De fato, o tratado tem um grande significado — discursou, no dia seguinte, o senador Marco Maciel (PFL-PE).

— O processo de integração pode ser a chave para uma inserção mais competitiva de nossos países no mundo. O Mercosul propiciará economias de escala e otimizará vantagens comparativas, levando à redução dos custos de produção. O projeto estimulará ainda os fluxos de comércio entre os quatros países e tornará os investimentos mais atrativos na região, com consequências positivas para o combate à inflação e a qualidade de vida da população — prosseguiu o parlamentar.

Por força do Tratado de Assunção, gradativamente, os quatro países eliminaram ou reduziram tributos alfandegários nas transações entre si e também unificaram impostos de importação e exportação incidentes no comércio com outras nações.

 

 

Tribuna da Imprensa noticia em 1991 a criação do Mercosul (imagem: Biblioteca Nacional)

 

Para além dos benefícios econômicos, a criação do Mercosul permitiu que as desconfianças e as tensões diplomáticas entre o Brasil e os países platinos, em especial a Argentina, finalmente chegassem ao fim. Era uma situação que se iniciara na época colonial (quando Portugal e Espanha disputavam o território sul-americano), persistira no Império (quando se travaram as Guerras da Cisplatina e do Paraguai e houve interferências brasileiras na política uruguaia) e se renovara logo nos primórdios da República (quando os vizinhos do Cone Sul não viram com bons olhos o protagonismo diplomático do Barão do Rio Branco na América do Sul).

— Mesmo a aliança entre o Brasil e a Argentina para enfrentar Solano López [na Guerra do Paraguai] foi, ao que se sabe agora, uma aliança de emergência entre parceiros que se olhavam com desconfiança, mas que naquela época temiam um inimigo [em comum] que se expandia e avançava — afirmou, em 1980, o senador Alberto Lavinas (PDS-RJ).

No início da década de 1940, na ditadura do Estado Novo, o presidente Getúlio Vargas ensaiou uma aproximação com os argentinos. Os planos eram promissores, mas acabaram indo por água abaixo quando o Brasil e a Argentina decidiram assumir posições distintas na Segunda Guerra Mundial. Enquanto os brasileiros entraram no conflito ao lado dos aliados, os argentinos optaram pela neutralidade.

Em 1985, numa audiência pública no Senado, o presidente da Petrobras, Carlos Theóphilo de Souza e Mello, disse uma curta frase que revelou o tamanho da rivalidade econômica que separava o Brasil e a Argentina:

— A Argentina tem dificuldades sérias de atingir os mercados internacionais pelas suas águas muito rasas. Isso é muito bom para o Brasil. As águas do Rio da Prata exigem um volume muito grande de dragagem para um calado de oito a dez metros. Eles hoje estão estudando um porto mais fora da barra do Rio da Prata, para ver se conseguem calados melhores, de 12 metros, de modo a chegar com seus produtos ao mercado externo com vantagens competitivas em relação ao Brasil.

 

 

Os presidentes Collor, Rodríguez, Menem e Lacalle na assinatura do Tratado de Assunção (Foto: Gabinete senador Fernando Collor)

 

No mesmo ano, o senador José Ignacio Ferreira (PMDB-ES) tratou de uma suposta corrida armamentista que havia no Cone Sul:

— Não faz sentido o Brasil e a Argentina lançarem-se em uma competição tecnológica que pode conduzir às armas nucleares. Em vez disso, os países devem juntar-se para resolverem a questão da dívida externa, do analfabetismo, do saneamento básico, das favelas.

Em 1991, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) citou um caso quase prosaico do histórico descompasso entre brasileiros e argentinos:

— Os dois países se davam tão mal no passado que nós fizemos no Rio Grande do Sul uma estrada de ferro com bitola estreita, diferente da bitola larga da Argentina, só para dificultar uma possível invasão do Brasil pelos argentinos. Havia coisas dessa natureza.

Simon via o dedo das potências mundiais nesse afastamento. Para ele, “os do Norte” criavam “fuxicos” que não tinham razão de existir entre o Brasil e a Argentina. O senador Dirceu Carneiro (PSDB-SC), num pronunciamento em 1993, reforçou essa tese:

— O Tratado de Assunção teve a extraordinária virtude de enterrar uma história de longos anos de relações de desconfiança mútua. O setor militar sempre alimentou a hipótese de um conflito entre o Brasil e a Argentina e, para tal, sofreu a interferência do Primeiro Mundo, com interesses evidentemente próprios e pragmáticos, investindo numa desunião progressiva entre os países, fazendo com que virássemos as costas aos nossos vizinhos. Durante todo esse período, o Brasil não considerou a cultura nem a riqueza das trocas comerciais com os países limítrofes. Em todo esse período, tivemos os nossos olhos votados para a Europa, para os Estados Unidos, para o Atlântico.

 

 

Mensagem em que o presidente Collor pede ao Congresso que ratifique o tratado do Mercosul (imagem: Arquivo do Senado)

 

Os primeiros passos da aproximação entre Brasil e Argentina foram dados em 1979, quando os países resolveram a disputa em torno de projetos hidrelétricos na Bacia do Rio Paraná. A partir de então, só houve avanços. Em 1980, assinaram um acordo sobre o uso pacífico da tecnologia nuclear. Em 1982, o Brasil manifestou apoio às reivindicações argentinas na Guerra das Malvinas. 

Em 1985, os presidentes José Sarney e Raúl Alfonsín aproveitaram a cerimônia de inauguração da Ponte Tancredo Neves, entre Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú, para assinar a Declaração do Iguaçu, que previu a integração entre os dois países. O Brasil e a Argentina haviam acabado de sair de ditaduras militares, e a redemocratização facilitou a aproximação.

— Verificamos que há um avanço como nunca tinha havido — avaliou Simon. — Se compararmos todos os presidentes da República, desde o primeiro, Deodoro, veremos que todos juntos não visitaram a Argentina tantas vezes quanto o presidente Sarney visitou. Havia a interrogação em relação ao presidente Collor, se ele se dedicaria de corpo e alma à causa da integração. Afinal, ele fez uma campanha tão dura e tão ácida contra o presidente Sarney. Justiça seja feita. Ele assumiu no dia 15 de março [de 1990]; no dia 16, o presidente Collor e o presidente Menem assinavam convênios no Palácio do Planalto. Os dois faziam questão de demonstrar que defenderiam, que lutariam, que haveriam de avançar com a causa da integração Brasil-Argentina.

A Declaração do Iguaçu é considerada o embrião do Tratado de Assunção. O Uruguai e o Paraguai, que assistiram aos vizinhos assinando acordo atrás de acordo a partir de 1985, perceberam que a aliança era promissora e decidiram somar-se ao grupo. Foi assim que o degelo acelerado das relações bilaterais entre Brasil e Argentina deu origem ao Mercosul.

— Os dois presidentes [Sarney e Alfonsín], desde a inauguração da Ponte Tancredo Neves, estão decididos a encaminhar a economia dos dois países para um integração com que possam chegar a um futuro marcado. A integração começa com os dois. Depois virá o Uruguai. Depois será a vez do Chile. Foi a integração, pelo Mercado Comum Europeu, que salvou a Europa da pobreza e da dependência. Assim, me parece que a solução para a pobreza do nosso país e da nossa região é a sua integração em um mercado comum — disse, em 1989, o senador Ney Maranhão (PMB-PE).

Outro motivo que levou à criação Comunidade Econômica Europeia (antecessora da atual União Europeia), em 1958, foi justamente uma rivalidade histórica. A Alemanha e a França haviam protagonizado, sempre em lados opostos, as batalhas mais sangrentas da história da Europa, incluindo as duas guerras mundiais. Quando ambas as economias foram umbilicalmente conectadas, a tentativa de destruição mútua se transformou num mau negócio. Alemães e franceses nunca mais se enfrentaram. 

 

 

Presidentes José Sarney e Raúl Alfonsín, precursores da integração Brasil-Argentina (foto: Victor Bugge)

 

Os papéis históricos do Arquivo do Senado indicam, no entanto, que o Mercosul não foi unanimidade. Alguns parlamentares encararam o novo bloco com ceticismo, ressalvas e até temores. Em 1992, o senador Gerson Camata (PDS-ES) afirmou que fazendeiros gaúchos estavam comprando terras no Uruguai e deixando de plantar no Brasil e que empresas como Autolatina, Cofap e Brahma estavam passando a produzir na Argentina para exportar para o mercado brasileiro:

— Criou-se um oba-oba em torno do Mercosul, que ficou, eu diria, como a 'escola de samba campeã do ano'. Na realidade, os termos do Tratado de Assunção são desfavoráveis aos interesses do Brasil. O que estamos ganhando no primeiro ano? Começamos a perder bilhões de dólares nessas trocas com a Argentina, o Uruguai e o Paraguai. Estamos abrindo mão do poder de tomar decisões, abrindo mão do nosso mercado, em favor desses países, que são menores. Estamos perdendo empregos, renda e impostos.

No pronunciamento, Camata avisou que o Brasil ainda tinha tempo para abandonar o Mercosul:

— Felizmente para o Brasil, o tratado prevê que qualquer um dos seus integrantes dele poderá se retirar desde que o denuncie. Quanto mais cedo o Brasil denunciar esse tratado, melhor será.

Ainda em 1992, o senador Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) afirmou que, apesar de ser partidário da integração do Brasil com os países vizinhos, o Mercosul tinha efeitos colaterais que não poderiam ser ignorados:

— Recentemente, fui ao interior de São Paulo, a São José do Rio Pardo, onde encontrei uma situação de desânimo. A cebola, base de riqueza da região, fora completamente deslocada pela importação da Argentina. Ora, dentro de pouco tempo estaremos totalmente presos pelo Tratado de Assunção. Se não tomarmos as medidas pertinentes no tempo oportuno, a integração, que é um fato positivo, terá um custo muito alto, capaz de destruir localmente certas bases de riqueza.

 

 

O palácio que abriga a sede do Mercosul, em Montevidéu, diante do Rio da Prata (foto: Mercosul)

 

Também um ano após a cerimônia em Assunção, o senador Nelson Wedekin (PDT-SC) criticou o fato de o tratado ser exclusivamente comercial:

— Ao privilegiar os aspetos mercadológicos, o Tratado de Assunção subestimou uma perspectiva que poderia ser bem mais abrangente. O conceito que defendemos é o da integração dos povos dos quatro países. Nossos esforços se devem somar para a busca do crescimento econômico e do progresso social, e não só para realçar a economia na óptica do empresariado. Por enquanto, o Mercosul está dentro desses limites estreitos. Ninguém até hoje sequer cogitou de uma aliança dos países membros para negociar em conjunto a dívida externa. O Mercosul poderia ser um espaço privilegiado que produzisse a reativação das nossas economias e uma política de distribuição de renda e riqueza. Não se espere isso, entretanto, das elites dos quatro países membros, que, quando muito, são capazes de vislumbrar o Mercosul como mero pacto de ampliação dos seus negócios.

Apesar das críticas de alguns senadores, o Congresso Nacional ratificou o Tratado de Assunção em setembro de 1991, seis meses depois do encontro dos presidentes no Paraguai.

Com o tempo, o Mercosul deixou de ser exclusivamente econômico e passou a se dedicar também a aspectos culturais e sociais. As escolas de ensino médio do Brasil, por exemplo, ficaram obrigadas a oferecer aulas de espanhol. Estudantes universitários de um país puderam dar prosseguimento aos estudos em outro país do bloco. O governo criou em Foz do Iguaçu, na fronteira com a Argentina e o Paraguai, a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), que forma alunos dos países do Mercosul em cursos voltados para o desenvolvimento regional.

O tempo de trabalho e contribuição previdenciária em qualquer país do bloco passou a ser contabilizado para fins de aposentadoria. Os trâmites migratórios para turistas do bloco foram facilitados, dispensando a apresentação do passaporte. Os trâmites para residência temporária e permanente também ficaram menos burocráticos. As placas de veículos foram uniformizadas, para permitir um deslocamento mais ágil entre os países.

De acordo com a consultora legislativa Maria Claudia Drummond, que no Senado acompanha o Mercosul desde a assinatura do Tratado de Assunção, o bloco ajudou o Brasil a abrir-se para o mundo:
 
— Até então, o Brasil era um país fechadíssimo, tanto em exportações quanto em importações. A abertura ocorreu primeiro para os países do Mercosul, e não para o mundo de uma vez. Em função do Mercosul, foi um processo que se fez de forma controlada, aos poucos.
 
Ela observa que os brasileiros de uma forma geral têm pouco conhecimento sobre o bloco:
 
— Na Argentina, no Uruguai e no Paraguai, o Mercosul é bem mais conhecido. Como os territórios são menores e as pessoas atravessam mais a fronteira, o Mercosul é mais real para elas. Até mesmo o interesse acadêmico pelo Mercosul é mais forte nesses países. Aqui no Brasil, o desinteresse é total e isso vem se acentuando nos últimos anos.

Para o economista Luciano Wexell Severo, professor na Unila e coordenador do Observatório da Integração Econômica da América do Sul, o desinteresse dos cidadãos contribui com o enfraquecimento do bloco:

— Como o Brasil tem um território muito grande, existe uma aparência de autossuficiência. Mas não é assim. Hoje 85% dos itens que o Brasil exporta para os países do Mercosul são industrializados, como carro, carroceria, motor, cerveja e calçado. São itens que geram mais emprego, renda, arrecadação tributária e tecnologia do que produtos primários, como soja, celulose e carne, que exportamos para a China. Muitas vezes o trabalhador dessas indústrias não sabe que a integração com a Argentina, o Uruguai e o Paraguai é importante para ele. Esse trabalhador, por isso, não faz pressão política a favor do Mercosul. Isso é ruim porque o Brasil dificilmente terá uma economia pujante, com todos os benefícios sociais decorrentes disso, sem essa aproximação com os nossos vizinhos.

A Venezuela tornou-se a quinta nação integrante do Mercosul em 2012, mas foi suspensa em 2016, por ter descumprido acordos e tratados. A Bolívia está em processo de admissão desde 2015.

Fonte: Agência Senado

Reportagem e edição: Ricardo Westin

Pesquisa histórica: Arquivo do Senado

Edição de multimídia: Bernardo Ururahy

Edição de fotografia: Pillar Pedreira

 

 

 

 

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Escolha de diretores com critérios técnicos melhora ambiente escolar, mostra pesquisa

Sábado, 12 de junho de 2021.

Pesquisa da FGV analisou como a forma de escolha de diretores nas escolas impacta clima e gestão escolar.  Ser mulher, ter pós-graduação e experiência de 11 a 15 anos no cargo na mesma escola também são fatores que impactam na percepção de clima escolar e liderança.

Os anos de 2020 e 2021 trouxeram desafios inéditos para os diretores escolares do mundo todo, o que exigiu destes profissionais muito mais competência e habilidades na gestão escolar. Uma pesquisa inédita da Fundação Getulio Vargas, publicada na Revista de Administração Pública (RAP), revela que escolher esses gestores escolares com base em critérios técnicos de mérito e desempenho favorece a sua liderança e, ao mesmo tempo, leva a um clima escolar mais cooperativo.

A pesquisa concluiu que duas modalidades de escolha de diretores estão associadas positivamente aos indicadores de liderança e de clima escolar: o concurso público e o processo seletivo com eleição. Em contrapartida, as chances de garantir um ambiente educacional propício à cooperação e em atingir os objetivos pedagógicos alinhados ao Plano Nacional de Educação (PNE) é menor quando a seleção acontece apenas por indicação, desconsiderando critérios técnicos e/ou participativos.

Para chegar a essas conclusões, os autores analisaram microdados do questionário do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) aplicado entre os anos de 2013 e 2015 em escolas públicas estaduais, além de consultarem as legislações de provimento ao cargo de diretor nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal.

As maiores médias de clima escolar, expressão que se refere a um ambiente de cooperação voltado ao processo de ensino e aprendizagem, foram observadas nos estados onde predominavam os critérios técnicos e/ou participativos de seleção de diretores, como Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo.

Já os processos baseados apenas em indicação prevalecem nos estados que registraram os menores valores de clima, como Pará, Sergipe e Santa Catarina, ainda que a legislação previsse outras modalidades de seleção. Padrão semelhante foi percebido ao analisar a liderança da direção, sendo que os maiores impactos do processo de escolha do diretor sobre essa variável foram registrados em Goiás e Pernambuco, onde havia o predomínio do processo seletivo com eleição, segundo as respostas dos diretores.

A indicação de diretores de escolas foi a modalidade mais comum nos quatro estados onde foram observados os menores impactos do processo de escolha do diretor sobre a percepção de liderança escolar: Pará, Sergipe, Amapá e Roraima.

 

Provimento ao Cargo de Diretor por Modalidade no Saeb 2013 e 2015 em escolas estaduais

Fonte: elaborado pelos pesquisadores

 

Outras questões contextuais, como a formação profissional em pós-graduação, a experiência de 11 a 15 anos no cargo na mesma escola e o gênero feminino das diretoras também foram variáveis que tiveram influência na percepção de clima escolar e liderança, ressaltam os autores. Os resultados ajudam a entender como políticas de seleção de diretores, quando bem desenhadas e executadas, podem gerar melhores resultados educacionais nas escolas.

 

Liderança durante pandemia de Covid-19
A percepção dos pesquisadores é que os gestores escolares assumiram papel importante durante a pandemia de Covid-19, diante das condições muito distintas entre as escolas brasileiras. “Na pandemia, os desafios educacionais são ainda maiores para reduzir o risco de evasão escolar, a defasagem na aprendizagem e a distorção idade-ano dos estudantes”, contextualiza Nelson Marconi, um dos autores do estudo.

Bruno Assis, que também assina o estudo, reforça que diretores “atuaram para garantir condições sanitárias aos alunos e profissionais da educação em encontros presenciais, priorizar conteúdos essenciais do currículo, além de definir estratégias pedagógicas para que os estudantes tivessem igualdade de condições de acesso ao material didático e recursos digitais no ensino remoto”.

Ambos os autores concordam que é fundamental que o foco da gestão escolar aconteça não apenas visando o desempenho acadêmico, mas também criando condições favoráveis para todos que fazem parte do sistema educacional. “Mais do que nunca, é necessário que os diretores e as diretoras escolares tenham as competências e habilidades apropriadas para lidar com os desafios prioritários no atual contexto de crise, que variam entre os estados e municípios”, concluem.

Extra, extra: parlamento derruba planos de D. Pedro I de restringir a liberdade de imprensa

D. Pedro I vivia em guerra com os jornais que criticavam o seu governo. Das 12 ocasiões em que discursou no Parlamento, em duas o imperador cobrou dos senadores e deputados uma lei que reduzisse a liberdade de imprensa e lhe permitisse punir e calar as “folhas” oposicionistas.

— O abuso da liberdade de imprensa, que infelizmente se tem propagado com notório escândalo por todo o Império, reclama a mais séria atenção da assembleia. É urgente reprimir um mal que não pode deixar em breve de trazer após de si resultados fatais — afirmou D. Pedro I em 1829.

O imperador pedia a aprovação de um projeto de lei restritivo que havia sido apresentado em 1827, mas vinha sendo levado em banho-maria pelo Parlamento. Diante da cobrança imperial, os parlamentares se viram obrigados a desengavetar essa proposta de Lei de Imprensa.

Documentos históricos hoje guardados no Arquivo do Senado, em Brasília, mostram que o projeto rachou os senadores. Para os governistas, a liberdade desfrutada pelos jornais estava mais para libertinagem e punha em risco a existência do Império recém-fundado (independente em 1822) e ainda não consolidado. Para os senadores oposicionistas, ao contrário, a imprensa livre era um dos requisitos para a sobrevivência da nação.

No fim, a oposição conseguiu barrar o ímpeto autoritário de D. Pedro I. A Lei de Imprensa de 1830 — a primeira do tipo aprovada pelo Parlamento brasileiro — concedeu aos jornais muito mais autonomia do que desejava o monarca.

 

 

Trecho do discurso pronunciado por D. Pedro I no Parlamento em 1830: desejo de amordaçar a imprensa (imagem: Falas do Trono/Biblioteca do Senado)

 

No Senado, a base governista tentou até o fim evitar a derrota do imperador.

— É lícito a cada um mostrar a sua opinião, mas é do nosso dever sustentar este governo e prevenir revoluções. Portanto, devemos castigar a quem atacar — argumentou o senador Carneiro de Campos (BA).

— O governo da Inglaterra é forte e justiceiro — discursou o senador Visconde de Cayru (BA), referindo-se ao grande modelo de Monarquia da época. — Quando há abuso da imprensa, o escritor é punido com pesada multa. Conforme a gravidade do caso, até é desterrado para a Nova Holanda [Austrália], sendo o transporte marítimo a ferros no porão do navio.

Para Cayru e Carneiro de Campos, jornais tendenciosos envenenavam a opinião pública e até poderiam persuadir os cidadãos a pegar em armas contra o governo, levando à dissolução do Império. Os autores de “folhas incendiárias”, portanto, deveriam ser levados ao banco dos réus e exemplarmente castigados.

Os senadores oposicionistas, por sua vez, argumentavam que os jornais não tinham tal poder e tão somente refletiam — e não criavam — a opinião pública. De acordo com esses parlamentares, a imprensa deveria ser o mais livre possível para que o monarca pudesse conhecer os verdadeiros anseios dos súditos e, assim, melhor governar o Brasil.

— A liberdade de imprensa é o esteio e o paládio do governo monárquico constitucional representativo. Sem ela, o governo não pode progredir — afirmou o senador Marquês de Caravelas (BA).

— A liberdade de imprensa é o veículo da felicidade de toda a sociedade, porque daqui é que vêm as luzes a todo o Império — acrescentou o senador Marquês de Queluz (PB). — Havemos nós de pôr uma mordaça ao cidadão? Será justo proibir-se-lhe que fale do governo, conhecendo qualquer defeito, quando das suas reflexões podem resultar melhoramentos? Eu quereria que a lei não punisse o escritor filósofo.

 

 

Jornal Astrea faz crítica ao autoritarismo de D. Pedro I sem citar o nome do imperador (imagem: Biblioteca Nacional Digital)

 

As tendências despóticas de D. Pedro I já eram explícitas. A sua medida mais rumorosa foi o fechamento arbitrário da Assembleia Constituinte em 1823. O imperador ficou irritado com os termos da Constituição em elaboração, que lhe dava menos poderes do que ele desejava. No ano seguinte, impôs uma Constituição ao seu gosto.

Mesmo com a Constituição de 1824 em pleno vigor, D. Pedro I adiou a convocação do Senado e da Câmara o máximo que pôde. As duas Casas do Parlamento só começariam a funcionar em 1826. Nesse interregno de dois anos, ele pôde comandar o país livremente, sem precisar dividir o governo com o Poder Legislativo.

No vácuo parlamentar, D. Pedro I assinou com Portugal o tratado de reconhecimento da Independência, que previa uma pesada indenização a ser paga pelos brasileiros. Ele também entrou na malfadada Guerra da Cisplatina, ao fim da qual o atual Uruguai conseguiu se libertar do Brasil. Ambos os episódios abalaram profundamente as finanças públicas, o custo de vida, o orgulho nacional e a confiança da população no soberano.

Mesmo quando o Parlamento se formou, o imperador relutou a repartir o poder. Ao escolher os ministros, por exemplo, ele recorria a pessoas do seu círculo de relações, e não a deputados da maioria parlamentar. As elites reagiram escrevendo na imprensa e votando na Câmara contra o monarca.

No início, o Senado não foi palco dessa reação pelo fato de ser naturalmente governista. Enquanto os deputados eram eleitos no voto, os senadores vitalícios eram escolhidos pelo próprio D. Pedro I a partir de uma lista tríplice. Ele, claro, só selecionava gente de sua confiança.

Sem assinar os textos, deputados recorriam aos jornais para disseminar as críticas ao monarca que não ousavam pronunciar da tribuna da Câmara. As leis da época permitiam o anonimato na imprensa.

Como a Constituição estabelecia que a pessoa do imperador era “inviolável e sagrada”, os ataques por texto se davam de forma camuflada. O expediente mais comum era chamá-lo de “tirano”, “déspota” e “absolutista” sem citar o seu nome. Por vezes, a referência direta era a reis de outras nações e outros tempos, como o francês Luís XIV. O contexto, porém, deixava claro que o alvo era D. Pedro I. Os jornais mais atrevidos recorriam à palavra “Poder” — anagrama de “Pedro”.

A imprensa oposicionista também alertava para o risco de o monarca tentar reunificar o Brasil a Portugal e rebaixar o novo Império à velha condição subalterna de Colônia. A hipótese não era de todo fantasiosa. Diante da morte de D. João VI em Lisboa em 1826, D. Pedro I havia despachado sua filha mais velha, D. Maria da Glória, para assumir o trono português, o que deixava os interesses das duas Coroas perigosamente embaralhados.

 

 

Slogan indica posicionamento do jornal Astrea contrário ao governo de D. Pedro I (imagem: Biblioteca Nacional Digital)

 

Nas discussões da Lei de Imprensa de 1830, os senadores governistas sugeriram a punição de quem escrevesse contra o monarca inclusive ataques dissimulados. O Visconde de Cayru discursou:

— Seria nula e irrisória a lei se unicamente punisse os ataques diretos. Só loucos rematados ou pessoas com tédio à vida poderiam publicar impressos em que diretamente afirmassem que se pode desobedecer ao chefe da nação. A esse respeito, os arteiros e temerários só inculcam malignas ironias, alegorias, epigramas, parábolas e romances, que são ainda de maior perigo, espalhando-se pelo vulgo. Muitas vezes, tais ataques indiretos são tão pungentes e evidentes que parecem apontar com o dedo os objetos contra os quais os mal-intencionados dirigem os seu tiros, ainda que os não nomeiem.

Outro ponto defendido pelo apoiadores de uma Lei de Imprensa dura foi a inclusão dos livros entre os escritos passíveis de processo judicial. Em reação, os adversários argumentaram que essa ideia não fazia sentido porque a população do Império era majoritariamente analfabeta — segundo o Censo de 1872, o primeiro do Brasil, não sabiam ler e escrever por volta de 80% das pessoas livres; entre os escravizados, o índice era de 99%.

— O livro que tivesse para cima de 100 páginas, este poderia circular. O povo não o lê nem quer que se lhe leia um livro assim. Lê folhas avulsas, e não livros, mormente se são dos que exigem mais aturada reflexão. Portanto, o livro pode muito bem passar, porque à liberdade de imprensa deve dar-se toda a extensão — disse o Marquês de Caravelas.

Apropriando-se justamente do argumento do analfabetismo, os governistas apresentaram outra ideia para tentar calar os adversários de D. Pedro I. Eles pediram que a futura Lei de Imprensa punisse também os desenhos. O senador Saturnino (MT) discursou:

— Quem duvida que pela estamparia se pode fazer, e de fato se tem feito, uso da poderosa arma do ridículo para abater, desacreditar e ainda transtornar os atos do governo dos quais muitas vezes pode depender a segurança do Estado?

Recorrendo a eufemismos, ele ainda tocou na delicada questão das gravuras pornográficas:

— Quem também duvida que a estamparia fornece o meio de espalhar pinturas indecentes, que corrompem a moral pública, principalmente na mocidade pouco acautelada, e que pela vulgarização de tais estampas se excitam paixões das quais podem resultar grandes males à sociedade?

 

 

Charge francesa trata da briga de D. Pedro I com o irmão D. Miguel pelo trono português: imperador jamais permitiria tal caricatura na imprensa brasileira (imagem: Honoré Daumier)

 

Um dos argumentos mais recorrentes dos aliados de D. Pedro I no Senado foi a Revolução Francesa, de 1789, marcada tanto pela convulsão social quanto pelo guilhotinamento do rei e pela derrubada do absolutismo monárquico. Apoiados nesse episódio, os senadores governistas sugeriram que a Lei de Imprensa punisse não só a palavra escrita, mas também a falada. Cayru continuou:

— O abuso nas palavras é a maior arma dos traidores. A hórrida prova se viu na Revolução da França tanto pela devassidão dos impressos malignos como pela verbal propagação de doutrinas subversivas em clubes, corpos de guarda, sociedades e até pelas inflamatórias pregações dos saltimbancos. Guardemo-nos dos horrores dos que, com gritarias, açulavam [incitavam] a plebe na França a enforcar nas lanternas das ruas, apelidando “aristocratas”, as pessoas mais distintas por seus títulos e serviços à nação. Para que fazermos ilusão, se este mesmo mal está entre nós e sobre nós?

Para os senadores da oposição, esse discurso do medo era balela.

— Não tem paridade o exemplo. Será o mesmo entre nós, uma nação pacífica, que uma nação revoltosa que não conhece lei, mas só o impulso do seu delírio em fermentação? — rebateu o senador Borges (PE). — Digo que, em tal caso [sendo as falas enquadradas na Lei de Imprensa], eu ficarei tremendo e não falarei mais, porque de minhas simples palavras se pode interpretar mal. Eu figuro um exemplo: se eu estiver fazendo um elogio a um ministro e der uma risada sardônica, será delito?

A imprensa no Primeiro Reinado era muito diferente da imprensa de hoje. Os jornais não noticiavam os acontecimentos, mas defendiam causas. A historiadora Tassia Toffoli Nunes, autora de uma dissertação de mestrado na Universidade de São Paulo (USP) sobre a liberdade de imprensa naquele tempo, explica:

— Os jornais foram espaços que as elites criaram para expor suas ideias políticas. Certas publicações faziam a defesa do governo; outras, a crítica. Para usar uma expressão da atualidade, o que se dava por meio da imprensa era uma guerra de narrativas. Sendo uma guerra, muito do que se publicava, claro, não era verdade. E não existiam jornais grandes, consolidados, profissionais. Eles normalmente rodavam algumas edições e desapareciam, sendo logo substituídos por novos títulos.

 

 

Em artigo, jornal Astrea pede a aprovação de uma lei que garanta a liberdade de imprensa (imagem: Biblioteca Nacional Digital)

 

D. Pedro I se preocupava com os jornais oposicionistas porque sabia que, mesmo a população sendo majoritariamente iletrada, a imprensa tinha, sim, influência sobre a sociedade. Foi por essa razão que, durante os três séculos do período colonial, Portugal jamais autorizou que se instalassem tipografias ou circulassem jornais no Brasil. A imprensa só foi permitida em 1808, quando D. João VI transferiu a sede do governo português de Lisboa para o Rio de Janeiro. Jornais e panfletos, de fato, acabaram sendo importantes na disseminação das ideias que levaram à Independência.

Ciente dessa influência, o soberano adotou a estratégia de apoiar jornais governistas que se contrapusessem às “folhas incendiárias”. Na Assembleia Constituinte de 1823, o deputado Carneiro da Cunha (PB) acusou D. Pedro I de pedir aos presidentes (governadores) das províncias que assinassem e distribuíssem nas repartições públicas o jornal O Regulador Brasileiro, escancaradamente pró-imperador.

Numa das edições, o jornal procurou criminalizar o mundo da política afirmando que, para o bem do Brasil, o Parlamento a ser criado pela Constituição não deveria ser autônomo, mas, sim, obediente ao monarca, uma vez que este seria o único capaz de fazer frente aos “abusos” dos legisladores.

Em 1829, o senador Borges disse que, a mando do governo, dois jornais publicavam fake news contra os parlamentares da oposição:

— Toda esta cidade [Rio de Janeiro] sabe como têm sido tratados os membros do Corpo Legislativo. E não vimos essa Gazeta do Brasil, que não teve outra tarefa mais que injuriá-los? E, se ela acabou, não vão aparecendo já certas alegorias nessa outra gazeta intitulada O Analista, que coincide com a primeira, porque admite injúrias muito palpáveis, apesar de se não publicarem os nomes das pessoas a quem são dirigidas?

Com frequência, o próprio D. Pedro I saía em defesa de seu governo nos jornais e assinava artigos disfarçado sob pseudônimos como Ultra Brasileiro, Constitucional Puro, Inimigo dos Marotos e Piolho Viajante.

Quando estava menos propenso aos argumentos, porém, ele podia partir para a violência. É conhecido o episódio em que seu braço-direito e ministro José Bonifácio de Andrada e Silva arbitrariamente mandou fechar jornais adversários no Rio de Janeiro. Episódio nebuloso foi o atentado contra o jornalista Luís Augusto May, do jornal oposicionista A Malagueta. May foi atacado em casa por homens encapuzados e por pouco não foi assassinado. A suspeita recaiu sobre Bonifácio.

 

 

Jornal governista O Regulador Brasileiro pede mais poderes para D. Pedro I e menos poderes para o Parlamento (imagem: Biblioteca Nacional Digital)

 

De acordo com o historiador Antonio Barbosa, professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB), a tendência despótica do imperador é explicada pelo momento histórico mundial em que ele viveu:

— No caso de D. Pedro I, o autoritarismo e os embates constantes com o Parlamento e a imprensa não podem ser interpretados como falha de caráter. Ele foi criado e educado para ser um monarca absolutista, como haviam sido seu pai, sua avó e todos os seus antepassados em Portugal. Quando chegou a sua vez de assumir o trono, contudo, a história acabava de virar a página, saindo do tempo do absolutismo, em que o rei governa em nome de Deus e tem poderes ilimitados, e entrando no tempo do liberalismo, em que o rei precisa seguir a Constituição e negociar com o Parlamento. O grande marco mundial dessa mudança foi a Revolução Francesa. D. Pedro I não soube lidar com a mudança dos ventos da história.

Barbosa acrescenta que o autoritarismo do primeiro imperador do Brasil também se explica pelo contexto nacional:

— Em 1822, existiam vários projetos de Brasil que disputavam a hegemonia. O plano de D. Pedro I, em que o país independente seria uma Monarquia, não era o único. Houve grupos que lutaram para que o país se transformasse numa República e grupos que se mobilizaram para que o Brasil continuasse fazendo parte de Portugal. Para fazer o seu projeto prevalecer, D. Pedro I entendeu que precisava agir com mão de ferro.

 

 

Embora educado para ser absolutista como D. João VI, D. Pedro I foi obrigado a dividir o poder com o Parlamento (imagem: Debret/The New York Public Library)

 

Diante da resistência de D. Pedro I a aceitar a partilha do poder característica dos governos constitucionais, até mesmo o Senado, aliado natural do imperador, no fim da década de 1820 mudou de lado, juntou-se à Câmara e tornou-se adversário. Foi assim que a Lei de Imprensa de 1830 saiu do Parlamento diferente da desejada pelo monarca.

Apesar de prever até nove anos de prisão para quem cometesse abusos em jornais, livros, desenhos e discursos, inclusive críticas indiretas ao imperador, a nova lei estabeleceu que os réus seriam julgados por tribunais do júri — isto é, por cidadãos comuns, e não por juízes. Isso, na prática, acabou por anular todo o rigor contido na letra da lei. Ao contrário dos juízes, os cidadãos comuns normalmente estavam afastados das brigas políticas e costumavam absolver os jornalistas processados.

A historiadora Tassia Toffoli Nunes diz:

— Pouco depois da aprovação da lei, houve juízes e professores de direito que a criticaram a avaliando que ela levava à impunidade dos redatores. Isso quer dizer que o Parlamento conseguiu fazer frente à tendência absolutista e arbitrária de D. Pedro I e favoreceu a liberdade de imprensa.

Ela chama a atenção para o fato de a censura prévia das publicações não ter sido aventada em momento algum das discussões no Parlamento:

— Nem mesmo os senadores e deputados mais conservadores do Primeiro Reinado chegaram a propor a censura prévia. Esse tipo de abuso só seria colocado em prática no Brasil muito tempo mais tarde, no Estado Novo [1937-1945] e na ditadura militar [1964-1985]. Nesses dois períodos ditatoriais da República, regredimos a uma prática arbitrária característica dos tempos da Colônia.

Logo após a aprovação da Lei de Imprensa de 1830, o jornalista Líbero Badaró foi assassinado em São Paulo. Nas páginas de seu jornal, O Observador Constitucional, Badaró não poupava D. Pedro I. Embora não se tenha atestado o envolvimento do monarca, o crime comoveu a opinião pública e contribuiu para minar ainda mais o governo. Meses depois, em 1831, o imperador viu-se forçado a abdicar do trono.

A partir de 1830 e até o fim do Império, a imprensa brasileira foi, na prática, livre. O oposto de seu pai, D. Pedro II jamais se incomodou com as críticas publicadas. Foram frequentes as charges que o retrataram em situações ridículas. Um dos apelidos que os jornais adversários lhe deram foi Pedro Banana. Até mesmo fake news contra ele circularam sem sofrer repressão.

 

 

Embora jornais o ridicularizassem, D. Pedro II não perseguia a imprensa (imagem: Biblioteca Nacional Digital)

 

Numa carta à princesa Isabel, D. Pedro II explicou:

“Entendo que se deve permitir toda a liberdade nestas manifestações [da imprensa] quando não se dê perturbação da tranquilidade pública, pois as doutrinas exprimidas nessas manifestações pacíficas se combatem por meios semelhantes, menos no excesso. Os ataques ao imperador, quando ele tem consciência de haver procurado proceder bem, não devem ser considerados pessoais, mas apenas manejo ou desabafo partidário”.

Reportagem e edição: Ricardo Westin

Pesquisa histórica: Arquivo do Senado

Edição de multimídia: Bernardo Ururahy

Edição de fotografia: Pillar Pedreira

Montagem da Capa: Aguinaldo Abreu

Fonte: Agência Senado

 

 

SAIBA MAIS – Assista à conversa entre os Profs. Drs. Fábio Ferreira e Isabel Lustosa intitulada "O nascimento da imprensa no Brasil: entre D. João VI e D. Pedro I"

 

 

 

 

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Abertura de escolas sem protocolos aumenta em 270% o risco de contágio

O atual modelo de volta às aulas com presença de alunos apenas intercalada é suficiente para controlar infecções pelo novo coronavírus?  A pergunta foi feita pela prefeitura de Maragogi, em Alagoas, a matemáticos e pesquisadores que fazem parte do projeto ModCovid19, apoiado pelo Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) e selecionado pelo Instituto Serrapilheira em uma chamada de projetos emergenciais para análise da crise sanitária da COVID-19.

A resposta alarmante, de que esse modelo poderia elevar em até 270% o risco de contágio nas escolas, em 80 dias de funcionamento, está na nota técnica “Quantificando o impacto da reabertura escolar durante a pandemia de covid-19”, coordenada por Claudio Struchiner (FGV e UERJ) , Tiago Pereira (USP/ São Carlos e CeMEAI) e equipe.

A mesma nota apresenta a simulação de um modelo que indica que a imunização, somada a outros protocolos, incluindo testagem, monitoramento e fechamentos intermitentes apresentam um ambiente bastante seguro para proteger a comunidade escolar onde o aumento de casos poderia cair para a casa dos 18% e na cidade como um todo, 3%.

Para chegar a tais resultados, a modelagem para a retomada de aulas presenciais em escolas públicas utilizou dados demográficos, socioeconômicos e epidemiológicos do já citado município escolhido como estudo de caso: Maragogi, em Alagoas, com aproximadamente 33 mil habitantes, e trabalhou com quatro cenários possíveis.

No primeiro, cenário A – a análise se baseou no contágio comunitário com escolas fechadas, no cenário B –  a reabertura com turmas e horários reduzidos: turno escolar de 2 horas, turmas separadas em dois grupos, com aulas presenciais em dias intercalados. Já no cenário C –  haveria reabertura reduzida com funcionários imunes: turno escolar de 2 horas, turmas separadas em dois grupos, com aulas presenciais em dias intercalados e funcionários imunizados. E por fim, no cenário D – o estudo partiu de uma reabertura reduzida com monitoramentos e fechamentos temporários: turno escolar de 2 horas, turmas separadas em dois grupos, com aulas presenciais em dias intercalados, estudantes são testados e isolados (14 dias) quando sintomáticos ou quando familiar for confirmado positivo, se estudante for confirmado positivo, seu grupo é suspenso por 14 dias, se mais de um grupo apresentar estudantes positivos, a escola é fechada por 7 dias.

“A nota destaca ainda que o fechamento intermitente requer que as escolas fechem em média 40% dos dias. Considerando também o fechamento parcial de turmas, cada estudante teve em média 2,5 horas de aula por semana, porém esse apresentou-se o cenário mais seguro “, explicou o pesquisador Tiago Pereira.”O cenário D foi bastante efetivo para proteger a comunidade escolar (aumento de casos em 18%) e a cidade como um todo (aumento de 3%). Estes resultados são consideravelmente robustos, permanecendo qualitativamente os mesmos quando testamos o caso em que apenas metade das famílias notificam casos positivos entre seus membros “, conclui a nota técnica.

Segundo ele, o modelo poderia ser aplicado a qualquer município, demonstrando a importância de se  avaliar quantitativamente o efeito de diferentes protocolos de reabertura para a deliberação de retomada de aulas presenciais e semipresenciais em escolas públicas brasileiras. “Torna-se responsabilidade dos gestores pesar estas avaliações para desenvolver protocolos de ações efetivas para a reabertura segura de nossas escolas”, disse.

O estudo serve de alerta para que uma reabertura sem nenhuma medida de monitoramento de casos na comunidade escolar, mesmo com turmas reduzidas, pode aumentar, como já dissemos, o total de infectados na população escolar em até 270%, em 80 dias de funcionamento escolar.

Conclui ainda que a vacinação de profissionais é uma medida essencial para potencializar o efeito da redução de turmas. Ainda assim, na ausência de outras medidas de monitoramento e quarentena, o contágio pode aumentar em 178% o risco de infecções dentro da população escolar.

Fonte: Agência Bori

 

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Uerj marca presença entre as dez melhores universidades brasileiras, segundo ranking internacional


O ranking publicado nesta segunda-feira (26/4) pelo Center for World University Rankings (CWUR) situa a Uerj entre as top ten universidades brasileiras: é a oitava do país e ocupa a 13ª posição na América Latina e Caribe. Na listagem geral das 2 mil instituições mais bem avaliadas, de um total de 20 mil em 60 países, a Uerj aparece em 620° lugar nesta edição 2021.

Desde que conquistou lugar na lista, a Universidade vem melhorando seu desempenho. Em 2014, era a 845ª do mundo. Na última avaliação, passou para 628ª. Desta vez, subiu mais oito posições. Para o reitor Ricardo Lodi, “ser considerada a oitava melhor universidade do país é o reconhecimento do sucesso de um projeto institucional em que a inclusão social, o pluralismo e a vocação extensionista constituem elementos impulsionadores da excelência acadêmica e científica da nossa comunidade universitária”.

O ranking coloca a Uerj em ótima companhia. As outras nove universidades brasileiras mais bem posicionadas são: Universidade de São Paulo, Universidade de Campinas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Estadual Paulista, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal de São Paulo, Fundação Oswaldo Cruz e Universidade Federal de Santa Catarina. 

Sediada nos Emirados Árabes Unidos, o CWUR é uma organização voltada à consultoria na área educacional que elabora, desde 2012, o ranking mundial de instituições de ensino superior. O levantamento considera aspectos como qualidade de ensino, empregabilidade dos egressos, qualidade acadêmica e desempenho em pesquisa e produção científica.

Confira o ranking completo: https://cwur.org 

 

Fonte: Diretoria de Comunicação da UERJ

 

 

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Homenagem à historiadora Filomena Barros (Universidade de Évora)

Niterói, 23 de maio de 2021.

Da Redação.

 

Amanhã, 24 de maio, a Universidade de Évora prestará homenagem à medievalista Filomena Barros, que faleceu, em Lisboa, de um mal súbito no último dia 08 de março de 2021. O evento será às 16h30 de Portugal/12h30 daqui do Rio.

 

No website do Centro de Investigação e Desenvolvimento em Ciências Humanas e Sociais (CIDHUS), núcleo de pesquisa que Filomena fazia parte, há a informação de que neste domingo, dia 23 de maio, Filomena completaria 63 anos e, para homenageá-la, "o Departamento de História e o CIDEHUS da Universidade de Évora organizam uma sessão de homenagem em memória da Prof.ª Filomena Barros. A evocação será feita por alunos, amigos e colegas a partir de testemunhos pessoais e da reflexão sobre o significado e impacto da sua obra científica". O evento será transmitido pelo Facebook e pelo canal do YouTube do CIDEHUS.

 

Facebook: https://www.facebook.com/cidehus

YouTube: https://www.youtube.com/c/CIDEHUSUE

 

Maria Filomena Lopes Barros nasceu em Lisboa a 23 de maio de 1958. Graduou-se em História  pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Obteve o mestrado em História Medieval em 1993 pela Universidade do Porto e doutorou-se em História em 2004 pela Universidade de Évora. A historiadora era especialista nos estudos sobre minorias étnico-religiosas na península Ibérica medieval e, ao longo de sua carreira, publicou inúmeros artigos acadêmicos, papers em eventos científicos, trinta e três capítulos de livros e oito livros.

A sua inesperada partida deixou todos consternados, como pontuou, à altura, a reitora da Universidade de Évora, Ana Costa Freitas. Em nota, seus colegas do CIDHUS frisaram que foi "uma perda imensa para a História medieval em Portugal" e, ainda, registraram a sua personalidade e "disposição contagiante [que] nos fazia acreditar que sim, que vale a pena viver, investigar, trabalhar com os alunos, ter amigos e não apenas colegas". Além dos circuitos acadêmicos, a perda da intelectual ainda reverberou na imprensa portuguesa, como, por exemplo, no Porto Canal, O Digital, Sapo.PT, World News Platform e RTP. A última entrevista da historiadora foi à Revista Tema Livre e pode ser escutada no link a seguir: https://youtu.be/ctmmd3k3ZcA

 

Escute o podcast Revista Tema Livre 021 que teve como convidada a Prof.ª Dr.ª Filomena Barros (CIDEHUS/Universidade de Évora) intitulada "Portugal Medieval: o caso dos judeus e muçulmanos na península Ibérica".

 

 

 

 

 

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As CPIs ao longo da História do Brasil

Niterói, 19 de maio de 2021.
Da Redação.


Depoimento de PC Farias à CPMI que resultou no afastamento de Collor /Fonte: Agência Câmara de Notícias.

Recorrentemente, as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) estão nos noticiários e nas rodas de conversa dos brasileiros. No entanto, quando surgiu a primeira CPI do Brasil? Talvez influenciados pela memória, muitos pensem que foi no período posterior ao Regime Militar (1964 – 85), em especial a de PC Farias (1992) e a dos Anões do Orçamento (1993), que foram marcantes para aqueles que viveram os anos de 1990. Porém, quem apostou na própria memória, errou. Como a história não é uma ciência exata, pode-se entender que, dependendo do prisma, já nos anos iniciais do Império, o Brasil assistiu à sua primeira CPI. Dependendo da interpretação, foi na Era Vargas (1930 – 45), que houve a primeira Comissão Parlamentar de Inquérito.

Primeiro, há de se apontar as razões para duas possibilidades de interpretação. Sobre os que entendem que o surgimento deu-se no Império, o argumento baseia-se no fato de que, em 1826, um grupo de deputados e senadores uniram-se para fiscalizar o Banco do Brasil, que vivia uma séria crise, não muito diferente do contexto político e econômico do país à altura. Embora à época não tenha sido usado o termo CPI, mas comissões auxiliares, na prática a atuação conjunta dos parlamentares foi a da fiscalização, cerne das CPIs atuais.

 

+ notícias: Saiba mais sobre a História da Regulamentação da Profissão de Historiador clicando aqui.

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Para os que arrogam que foi durante a Era Vargas que o Brasil teve a sua primeira CPI, o argumento consiste no fato de que na constituição de 1934 já havia a previsão do estabelecimento de Comissão Parlamentar de Inquérito com a função fiscalizadora, ou seja, com a mesma designação e fins dos dias atuais. Os Estados também foram autorizados a realizarem as suas respectivas CPIs, sendo apenas o de São Paulo e o do Mato Grosso que declinaram dessa possibilidade. Curiosamente, em um período de exceção surgia a possibilidade de instalação de CPIs nos âmbitos nacional e estadual.

De acordo com a carta magna de 1934, apenas a Câmara dos Deputados tinha a prerrogativa de criar uma CPI, desde que se tivesse um terço dos membros da casa. Diferentemente dos dias de hoje, o Senado Federal não tinha tal competência. Em 1935, a partir de requerimento assinado por 106 parlamentares, foi estabelecida a CPI relativa às “condições de vida dos trabalhadores urbanos e agrícolas”.]

 

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Advogado e opositor ao governo federal, o deputado baiano João Mangabeira foi quem pediu a criação da comissão, que, uma vez instalada, além da sua participação, teve como presidente o advogado Victor Russomano (deputado pelo Rio Grande do Sul) e, como vice, o oposicionista José Augusto Bezerra de Medeiros (Rio Grande do Norte), além de outros membros como o empresário carioca Eduardo Duvivier, o paulista Aniz Badra, intitulado deputado classista (modalidade de parlamentar existente no período), que representava empregados da lavoura e pecuária, e o baiano Lima Teixeira, classista representante dos empregadores da lavoura e da pecuária, dentre outros nomes.

Em 1937, com o Estado Novo, o Brasil ganhou uma nova constituição, que não previa CPIs. Estas só foram retomadas na carta de 1946. Durante o Regime Militar surgiram as Comissões Parlamentares Mistas de Inquéritos (CPMIs), compostas por deputados e senadores, que, por sua vez, tinham um determinado período de tempo para realizarem suas investigações.

 Em foto do acervo do Arquivo Nacional, o Palácio Tiradentes, no centro do Rio: palco da CPI de 1935.

Ao longo do século XX, o Brasil teve CPIs que investigaram os mais distintos temas, que incluíram de questões separatistas (em 1965 em relação ao Acre) à fuga de cérebros (1968), passando pela devastação da Amazônia (1979 e 1989), Violência Urbana (1980) e corrupção (infelizmente, inúmeras, impossíveis de se pontuar).  

 

 

 

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História e o espaço público: sai o coronel e entra em cena o ator

Niterói, 14 de maio de 2021.

Da Redação.

 

O niteroiense Paulo Gustavo caracterizado como Dona Hermínia na praia de Icaraí

Não houve estátua para derrubar, muito menos aglomerações para reivindicar a mudança do nome, mas, mesmo assim, uma das principais vias de Niterói, a rua Coronel Moreira César, em Icaraí, na zona sul da nossa cidade, tornou-se rua ator Paulo Gustavo, niteroiense que faleceu no último dia 04 de maio, vítima da Covid-19.

Porém, cabe aqui uma primeira pergunta, quem foi o militar? Nascido em Pindamonhangaba, na então província de São Paulo, em 1850, Antônio Moreira César pertenceu ao exército brasileiro tendo acumulado episódios de violência atrelados à sua trajetória. Conforme apontou Euclides da Cunha, por questões políticas, Moreira César esfaqueou, na década de 1880, no Rio de Janeiro, um jornalista pelas costas, levando o profissional da imprensa a óbito. Como resultado, Moreira César foi enviado para o Mato Grosso, voltando ao Rio somente após a Proclamação da República.

Na década de 1890, o militar envolveu-se em diversos conflitos armados que marcaram o início da República: a Sedição Baiana (1891), a Sublevação de Niterói (1892), a Revolta da Armada (1893-94), a Revolução Federalista do Rio Grande do Sul (1893-95) e a Guerra de Canudos (1896-97), episódio que o levou a óbito, em 4 março 1897.

A produção historiográfica sobre o personagem o define como sanguinário, relatando que, durante a Revolução Federalista, exterminou oponentes sem julgamento. Também participou de grupo paramilitar que perseguiu os seus rivais da Marinha e civis que participaram da Revolta da Armada. Por sua violência no campo de batalha, ganhou a alcunha de "corta-cabeças", sendo, inclusive, chamado para a terceira expedição contra Antônio Conselheiro pela sua truculência.

 

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MOREIRA CÉSAR E O ESPAÇO PÚBLICO

O ator Tônico Pereira como Moreira César no filme Guerra de Canudos (1997).

No ano da morte do militar paulista, a atual rua do Ouvidor, no centro do Rio, passou a chamar-se Moreira César (de 1897 a 1916), bem como a rua Prudente de Morais, no bairro de Icaraí, em Niterói. No Rio Grande do Sul, em Dom Pedrito e Caxias do Sul, também há logradoures com o nome do coronel. Um distrito de Pindamonhangaba também possui o nome do militar. Na terra do coronel não se pensa em tirar o seu nome, mas na transformação do distrito em município.
Voltando para Niterói, antes mesmo da derrubada de estátuas que ocorreu em 2020 em vários cantos do mundo, já havia na cidade debate sobre a retirada do nome do coronel no logradouro de Icaraí, embora a maioria dos niteroienses tenha, ao longo das décadas, associado a rua ao seu sofisticado comércio e as compras, esquecendo – ou até mesmo desconhecendo – o personagem histórico.
Em 2003, houve quem sugerisse a troca para Ayrton Senna. Em 2012, nova contestação: como forma de protesto, as placas que indicavam aos pedestres rua Coronel Moreira foram adesivadas com o nome de Antônio Conselheiro. À altura, o vereador Renatinho (PSOL), outro niteroiense que veio a óbito em função da Covid-19, abraçou o projeto. Porém, não houve a mudança.
Em 2014, a Comissão da Verdade de Niterói sugeriu a retirada do nome de Moreira César da rua. Na ocasião, pelo centenário de Vinicius de Moraes, chegou-se a cogitar o poetinha para ser o personagem que rebatizasse, com o seu nome, a via. Mas, foi através de outro artista que a troca efetivamente veio: o niteroiense Paulo Gustavo Amaral Monteiro Barros.
Logo depois da morte precoce do ator, a prefeitura de Niterói lançou uma enquete na web perguntando a opinião da população da cidade, que, maciçamente, aderiu à proposta, com 90.2% dos votos. No dia 13 de maio a Câmara Municipal aprovou a mudança. No mesmo dia, o prefeito da cidade, Axel Grael (PDT), assinou o documento que transformou a via em rua Ator Paulo Gustavo. No dia seguinte, houve a publicação da lei e, desde o último dia 14, Niterói não tem mais a rua Coronel Moreira César. Agora é Ator Paulo Gustavo.

– Veja fotos antigas de Niterói clicando aqui.


ANTES DE SER MOREIRA CÉSAR
As ruas do bairro de Icaraí foram desenhadas no Plano Geral de Urbanização da Cidade Nova aprovado em 1841 e, no papel, a Moreira César era a rua nº85. Depois, foi rua Vera Cruz, Froes da Cruz (1888), Prudente de Morais (1895), Coronel Moreira César (1897) e, por fim, Ator Paulo Gustavo (2021). As poucas ruas que ainda mantém a nomenclatura original são a Mem de Sá (nº 88), Nobrega (nº91) e Santa Rosa (nº 83).

 

– Exposição virtual de fotografia: clique aqui para ver belíssimas fotos de Niterói.

 

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Assista no YouTube ao bate-papo que foi um verdadeiro passeio pela História de Niterói

 

 

 

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História Contemporânea

Entende-se como o período contemporâneo o posterior a 1789 (Revolução Francesa). Desde acontecimentos históricos recentes, como o 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, até os desdobramentos, na França, da mencionada revolução, com o estabelecimento da República e as execuções de Luís XVI e Maria Antonieta, em 1793, fazem parte do período em questão.
Um importante ponto a destacar-se é a ascensão do militar Napoleão Bonaparte, ainda na década de 1790, que resultou na sua transformação em Imperador dos Franceses. Posteriormente, Bonaparte inicia uma política de expansão territorial, com ações em pontos distintos, como Egito, Rússia e Portugal (inclusive, por esse fator, a família real portuguesa emigrou para o Brasil).
Após a queda de Napoleão Bonaparte, em 1815, no Congresso de Viena, busca-se discutir o futuro europeu, a englobar questões como acordos de paz, delimitação de fronteiras, que foram embaralhadas pelas conquistas de Napoleão, e quem assumiria o comando de países que apoiaram o antigo Imperador. Participaram do Congresso Inglaterra, Rússia, Prússia, Áustria, Suécia, Espanha e Portugal, mas, os grandes condutores das reuniões foram os quatro reinos citados. Apesar de Napoleão, a França atuou em Viena, pois voltou a reinar em Paris a casa de Bourbon – deposta pela Revolução francesa.
Também dentro da variedade de discussões do Congresso, havia a abolição do tráfico de escravos, campanha encabeçada pela Inglaterra. Porém, o fim do desumano comércio não interessava a diversos reinos europeus, como, por exemplo, os ibéricos. Se adotada, a extinção total do tráfico afetaria áreas como o Brasil e Angola, localidades que suas respectivas economias estavam intimamente vinculadas à infame mercantilização de pessoas. Após entendimentos políticos, houve a proibição do tráfico acima da linha do Equador, porém, os grandes portos do Brasil podiam continuar a receber cativos e grande parte da África lusa a exportá-los.
Outro importante fato histórico que abalou a Europa do primeiro quarto do século XIX e refletiu significativamente no Brasil foram os movimentos liberais, que eclodiram em áreas como a Grécia, a Espanha, a Península Itálica e Portugal, com a designada Revolução Liberal do Porto. Em linhas gerais, os revoltosos reivindicavam um parlamento e a elaboração de uma Constituição.
No âmbito econômico, não se pode deixar de mencionar a projeção, em escala global, da Inglaterra.

 

História do Brasil República

A República, no Brasil, foi instalada a partir de um golpe de Estado, que ocorreu no dia 15 de novembro de 1889, a partir de proclamação do marechal Deodoro da Fonseca no Campo de Santana (atual Praça da República), no centro do Rio de Janeiro. Grosso modo, desejavam o fim do Império vários setores sociais, em especial o exército, partes da classe média e grandes proprietários rurais.

Após o golpe, Pedro II e sua família tiveram que abandonar o país, tendo que exilar-se na Europa. Como primeiro presidente o Brasil teve Deodoro da Fonseca. Sob a sua presidência houve a primeira carta magna republicana, a Constituição de 1891.

No âmbito econômico, Rui Barbosa foi o ministro da Fazenda de Deodoro, sendo grande marca dessa gestão o chamado encilhamento, que, buscando estimular a criação de industrias no Brasil, acabou por gerar um grande movimento especulatório. A ampla emissão de crédito imobiliário aumentou a inflação. Várias organizações foram criadas para a obtenção de dinheiro público e, muitas das que faliram, continuaram a ter suas ações vendidas na bolsa de valores, gerando uma grande crise econômica. 

Em um contexto conturbado, Deodoro não encerrou o seu mandato, tendo sido substituído por Floriano Peixoto. Há autores que designam o período dos dois primeiros presidentes, ambos militares, como República da Espada (1889 – 1894).

No tocante a periodizações  e suas respectivas designações, há nomenclaturas como República Velha, República Oligarca ou Primeira República para o período de 1889 a 1930. Dentre uma multiplicidade de acontecimentos do período, pode-se mencionar, por exemplo, a importação de costumes franceses para o Brasil, que influenciou a moda, o vocabulário e a arquitetura nacionais, tendo como grande exemplo a remodelação do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, bem como a intervenção no espaço público de outras cidades, como Porto Alegre, Recife e Manaus, na chamada Belle Époque brasileira.

Além do exposto, sobre a Primeira República, mencionam-se as greves operárias que ocorreram no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, sendo as mais destacadas pela historiografias as do final da década de 1910. Nesse contexto surge o seguro obrigatório de acidentes de trabalho (Decreto nº 3.724 de 15 de janeiro de 1919) e a Lei Elói Chaves, de 1923, que cria as Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs).

Sucintamente, sobre a década de 1920, essa década foi palco das Revoltas Tenentistas; da criação do PCB, da quebra da bolsa de Nova Iorque, em 1929, que teve conseqüências na economia mundial, inclusive na brasileira, da cisão entre as oligarquias estaduais, a colocar de um lado Minas, Rio Grande do Sul e Paraíba, e do outro, São Paulo, e que possibilitou a ascenção de Getúlio Vargas ao poder.

 

Era Vargas (1930 – 1945)

Os quinze anos que o presidente gaúcho comandou o executivo federal podem ser divididos da seguine forma:

 

Governo Provisório (1930–1934)

 

 

Governo Constitucional (1934–1937)

 

 

Estado Novo (1937–1945)

 

 

República Nova, República de 46 ou Quarta República Brasileira  (1946 – 1964)

 

 

Regime Militar (1964 – 1985)

 

 

Nova República (a partir de 1985)