Niterói, 17 de junho de 2024
Da redação.
Na noite da última sexta, a historiadora Lilia Schwarcz tomou posse na Academia Brasileira de Letras (ABL), passando a ocupar a cadeira nº 9, vaga em razão do falecimento de Alberto da Costa e Silva (1931 – 2023). O evento ocorreu na sede da instituição, o Petit Trianon, no centro do Rio.
“Gostaria muito de seguir os passos do Dr. Alberto Costa e Silva e cuidar em primeiro lugar da memória. A ABL é uma instituição fundamental para a memória brasileira. Quero vasculhar os arquivos como ele fazia, contar essa história, sobretudo, mais plural e representativa. O Alberto foi um grande combatente pela equidade. Era um estudioso das Áfricas, da escravidão, então eu gostaria de continuar esse projeto. Com Rosika, Ana Maria Machado, Heloisa Teixeira e Fernanda Montenegro, acho que a gente pode, sem excluir ninguém, incluir muito. Há uma memória feminina para ser trabalhada e uma história feminina para ser explorada” observou Schwarcz em matéria sobre sua posse disponível no site da ABL.
Sobre a cerimônia, compuseram a comissão de entrada, que acompanhou a historiadora ao salão do evento, os acadêmicos Fernanda Montenegro, Heloisa Teixeira e Ailton Krenak. A acadêmica Rosiska Darcy de Oliveira recebeu a pesquisadora. Os acadêmicos Celso Lafer e Arno Wehling entregaram, respectivamente, o colar e o diploma a Schwarcz. A comissão de saída foi composta pelos acadêmicos Eduardo Gianetti, Domicio Proença Filho e Ruy Castro.
O evento ainda contou com a presença do também acadêmico Gilberto Gil, da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia, do ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, e do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, e do senador Randolfe Rodrigues, que também é historiador.
Ao longo de sua trajetória, a historiadora publicou mais de 30 livros de sua autoria e foi uma das fundadoras, ao lado de seu marido, Luiz Schwarcz, da editora Companhia das Letras. Além disso, atuou em universidades do Brasil e do exterior, estando, atualmente, vinculada à Universidade de São Paulo (USP), a Princeton e Chicago, nos Estados Unidos, e à Freie Universität Berlin, na Alemanha. A intelectual compõe, também, os quadros do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e os conselhos consultivos do Patrimônio Cultural do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da República, e da Fundamentação Biblioteca Nacional. É pesquisadora sênior do CNPq.
A obra de Schwarcz acumula uma série de prêmios, como, por exemplo, o Jabuti. A pesquisadora tem se dedicado a questões de raça e gênero, bem como à análise de imagens, incorporando a essas fontes olhar antropológico.
#Acervo Ouça o Podcast revistatemalivre.com que teve como convidada a historiadora Lilia Schwarcz
A cerimônia está disponível no canal do YT da ABL
https://youtu.be/YFE9y2YiOT8
#Memória: há 20 anos
Releia a matéria da posse do historiador José Murilo de Carvalho na ABL clicando aqui.
Um pouco mais sobre Lilia Schwarcz
Nome completo: Lilia Katri Moritz Schwarcz;
Nascimento: São Paulo, 27 de dezembro de 1957;
Graduação: História/USP;
Mestrado: Antropologia Social/Unicamp;
Doutorado: Antropologia Social/USP;
É professora da USP desde 1988;
É a 11ª mulher a ocupar uma cadeira da ABL
Prêmios e condecorações
1999 – Livro do ano não ficção, Prêmio Jabuti (CBL), pela obra As Barbas do Imperador.
1999 – 2º lugar na categoria Ensaio e Biografia, Prêmio Jabuti (CBL), pela obra As Barbas do Imperador.
2008 – Medalha Júlio Ribeiro (por destaque cultural e etnográfico) da Academia Brasileira de Letras.
2009 – 1º lugar na categoria Biografia, Prêmio Jabuti (CBL), pela obra O Sol do Brasil.
2010 – 3º lugar na categoria Ciências Humanas, Prêmio Jabuti (CBL), pela obra Um enigma chamado Brasil.
2010 – Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico.
2014 – Prêmio ABL de História e Ciências Sociais (ABL), pela obra Batalha do Avaí.
2016 – 1º lugar na categoria Arquitetura, Urbanismo, Artes e Fotografia, Prêmio Jabuti (CBL), pela obra Histórias Mestiças: Catálogo.
2023 – Comenda Rio Branco.
Obras
Retrato em Branco e Negro: Jornais, Escravos e Cidadãos em São Paulo no Fim do Século XIX. Companhia das Letras, 1987.
O Espetáculo das Raças. Cientistas, Instituições e Pensamento Racial no Brasil: 1870-1930. Companhia das Letras, 1993.
As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um Monarca nos Trópicos. Companhia das Letras, 1998 – Prêmio Jabuti – Livro do ano 1999.
O Império em Procissão. Zahar, 2000.
A Longa Viagem da Biblioteca dos Reis: Do Terremoto de Lisboa à Independência do Brasil. Companhia das Letras, 2002.
O Sol do Brasil: NICOLAS-ANTOINE TAUNAY e as Desventuras dos Artistas Franceses na Corte de D. João 1816-1821. Companhia das Letras, 2008 – Prêmio Jabuti – Melhor Biografia 2009
D. João Carioca: A Corte Portuguesa Chega ao Brasil 1808-1821. Companhia das Letras, 2008.
Um Enigma Chamado Brasil (com André Botelho). Companhia das Letras, 2009 – Prêmio Jabuti – Ciências Sociais 2010
Agenda Brasileira (com André Botelho). Companhia das Letras, 2011.
História do Brasil Nação Vol. 3: A Abertura para o Mundo 1889-1930 (Org. do volume e Diretora da Coleção). Objetiva, 2012.
Nem Preto nem Branco, muito pelo Contrário. Claro Enigma (Companhia das Letras), 2012.
Racismo no Brasil. Publifolha, 2012.
A Batalha do Avaí, a Beleza da Barbárie: A Guerra do Paraguai Pintada por Pedro Américo. Rio de Janeiro, Sextante. 2013.
Brasil: Uma Biografia (com Heloisa Murgel Starling). Companhia das Letras. 2015.
Lima Barreto: Triste Visionário. Companhia das Letras, 2017.
Sobre o Autoritarismo Brasileiro. Companhia das Letras, 2019.
Quando Acaba o Século XX. Companhia das Letras, 2020.
A Bailarina da Morte: A Gripe Espanhola no Brasil. Companhia das Letras, 2020.
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