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Base de dados sobre os Palmares disponibiliza milhares de fontes históricas através da web

O mais conhecido quilombo brasileiro ganhou a base de dados Documenta Palmares, que reúne milhares de documentos históricos, centenas de obras e vários mapas sobre a sua história. A base é um instrumento de pesquisa sobre o mais importante movimento de resistência à escravidão da história do Brasil, sendo o resultado de pesquisas desenvolvidas pela Prof.ª Dr.ª Silvia Hunold Lara (Unicamp) nos últimos 15 anos. O site possui três sessões:

 

a) “Fontes” possibilita o acesso a mais de mil cópias digitais de documentos manuscritos e impressos que mencionam explicitamente os Palmares, produzidos entre 1595 e 1800, guardados por arquivos e bibliotecas brasileiros e estrangeiros. 

b) “Obras” disponibiliza informações sobre mais de 500 obras históricas, arqueológicas e literárias, livros didáticos, bem como materiais audiovisuais ou coletâneas que reuniram documentos sobre os Palmares, produzidos entre 1600 e 2021. 

c) “Mapas”, elaborada em coautoria com Felipe Aguiar Damasceno, permite visualizar a localização aproximada de alguns mocambos, vilas, aldeias indígenas, arraiais militares, sesmarias e trajetos de expedições para os quais há algum tipo de referência geográfica na documentação.

 

            Os mecanismos de busca permitem localizar, checar e cruzar dados e informações, tanto sobre os acontecimentos ocorridos ao longo do século XVII, quanto sobre o modo como foram narrados e lembrados ao longo do tempo, desde meados do século XVIII até nossos dias.

            Ao invés de oferecer uma narrativa linear ou uma explicação acabada sobre os habitantes dos mocambos e os eventos que eles protagonizaram, o site coloca à disposição dos interessados a matéria prima do historiador. Constitui, assim, uma plataforma que permite aprofundar e renovar os estudos sobre os Palmares que, até hoje, vêm sendo realizados com base em um conjunto relativamente reduzido de fontes, geralmente impressas.

 

 

Saiba mais sobre a base de dados no vídeo a seguir

 

 

 

 

Assista à entrevista com a Prof.ª Dr.ª Silvia Hunold Lara

 

 

 

 

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300: Rise of an Empire

(Brasil, 300: A Ascensão do Império/Portugal, 300: O Início de um Império)
DIREÇÃO: Noam Murro/ROTEIRO: Kurt Johnstad, Zach Snyder
ELENCO: Eva Green, Sullivan Stapleton, Rodrigo Santoro, Callan Mulvey, Jack O’Connell, Lena Headey.
Produção: Estados Unidos, 2014 (147 min)

Cartaz do filme "300: Rise of an Empire"

Cartaz do filme “300: Rise of an Empire”

Com sangue digital a jorrar para todos os lados, saltos ao melhor (ou pior!?) estilo Matrix e a caricata turma do mal toda de preto (inclusive com suas exageradas maquiagens negras em torno dos olhos) chega aos cinemas brasileiros a continuação do já lamentável 300. O filme vai à historia para pegar personagens para contar a sua estória. Mandatários da Pérsia, Dario e Xerxes estão lá, ameaçando a Grécia, a democracia e a liberdade.

Pelo suposto diálogo com a historia, a película merece atenção. Uma interessante via de análise do filme é que muito do seu conteúdo vincula-se com dilemas atuais dos EUA. O inimigo que ameaça a Grécia – extremamente fácil para o expectador fazer analogias com os EUA de hoje – é a Pérsia, que corresponde, grosso modo, ao atual Irã. Além disto, é provável que para facilitar a associação dos nossos contemporâneos a calcanhares de Aquiles dos últimos governos norte-americanos, como terroristas e ditadores provenientes do Oriente Médio, a produção deu aos cruéis vilões de negro vestimentas que rememoram beduínos árabes.

Outro fator curioso é que o mocinho luta pela defesa da nação grega, por uma “United Greece”. Passa-se ao espectador a noção de que a Grécia antiga fosse um bloco monolítico e não um mosaico de cidades-estados, com similitudes, sem duvidas, mas, também, com uma multiplicidade de particularidades, conflitos e antagonismos. Agrega-se, ainda, que o espectador leigo recebe em seu colo um produto que dá a impressão de que a ideia de nação na Grécia antiga é a mesma da atualidade.

Por fim, a “United Greece” luta contra persas pela defesa da liberdade e da democracia, a desconsiderar por completo a especificidade da democracia ateniense, que não é a virgem imaculada que o senso comum pensa, pois, por exemplo, boa parte da população de Atenas estava excluída do voto. No entanto, mais uma vez, fica fácil ao espectador relacionar os dilemas políticos atuais dos EUA em relação à ditadura iraniana no conflito “United Greece” x “Pérsia”.

O ator brasileiro Rodrigo Santoro como o imperador persa Xerxes I

O ator brasileiro Rodrigo Santoro como o imperador persa Xerxes I

Mesmo desprovido de significativa qualidade artística, anacrônico e previsível, tudo vale apena se a alma não é pequena, como dizia Fernando Pessoa. Assim, compensa assisti-lo para divertir-se com os efeitos em 3D e, principalmente, para analisar o dialogo que Hollywood realiza entre tempos antigos e a atualidade, baseados nos interesses políticos e nas concepções político-culturais do próprio tempo presente.