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O mercado actuarial e a falta de profissionais qualificados

Por Estêvão Martins | De Luanda, Angola.

 

Matias Muessapi disse que a maior parte dos profissionais que começaram a trabalhar em seguros em Angola tiveram formação no exterior, nomeadamente Portugal e Brasil e a nível do actuariado a situação não difere.

O mercado actuarial em Angola é ainda incipiente, mas tem uma grande margem de crescimento e de oportunidades, cujos desafios passam sobretudo pela formação de quadros, revelou Matias Muessapi, gestor de seguros e actuário na Aliança Seguros.

Falando sobre o ‘Mercado Actuarial em Angola’, programa transmitido no canal do Youtube ‘Saber em Movimento’, com Fábio Ferreira, professor da Universidade Federal Fluminense do Brasil, o gestor sublinhou que as seguradoras nacionais têm muito que aprender e crescer, fundamentalmente a nível da formação de quadros, uma vez que os primeiros licenciados em seguros começaram a surgir no mercado apenas o ano passado.

Conforme disse, a maior parte dos profissionais que começaram a trabalhar em seguros em Angola tiveram formação no exterior do País, nomeadamente Portugal e Brasil e a nível do actuariado a situação não difere em nada.

“A Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto é a única instituição de ensino em Angola que no curso de matemática ministra a algum conteúdo ligado ao actuariado, relativamente à estatística, cálculo financeiro e matemática actuarial”, disse.

Matias Muessapi refere que os conteúdos não são suficientes nem satisfatórios, na medida em que são apenas leccionados em um único semestre de um ano lectivo. Como consequência, observa, o formando não adquire conhecimentos suficientes que lhe permite actuar a nível do actuariado, como deve ser, ao contrário daqueles que completam uma licenciatura em ciências actuariais.

Afirma que a maior parte dos profissionais que até 2017 trabalharam no mercado como actuários licenciaram-se em matemática naquela instituição pública de ensino.

Explica ainda que alguns fizeram o mestrado em ciências actuariais no exterior do País logo após a conclusão da sua formação no País. Ou seja, aponta, o mercado a nível de profissionais no ramo actuarial começou a crescer a partir daquele ano (2017).

Destaca também que actualmente existem poucas seguradoras com a função actuarial, porque é algo relativamente novo no mercado, apesar de existirem pessoas que actuam como actuários há mais de 20 anos.

O actuário nota que, no geral, existem poucos técnicos com um nível elevado de conhecimento sobre o actuariado e existem igualmente poucas seguradoras que têm um actuário responsável pela supervisão prudencial da companhia. Ou seja, como assinala, muitas empresas de seguros dependem de consultores expatriados, dentre eles portugueses e brasileiros.

Mas, no entanto, Muessapi enfatiza que a situação pode vir a mudar drasticamente nos próximos anos, na medida em que a nova Lei da Actividade Seguradora e Resseguradora, aprovada recentemente pela Assembleia Nacional determina que as empresas de seguros tenham pelo menos um actuário responsável pela supervisão.

 

Nova dinâmica

O actuário precisou que nos últimos anos tem havido uma nova dinâmica no que concerne à formação nessa área e a Associação de Seguradoras de Angola (ASAN) tem trabalhado em parceria com a universidade de Lisboa na formação de quadros nacionais.

A primeira turma de mais de 20 estudantes concluiu a formação entre 2017 e 2018 e a segunda turma está em fase de conclusão, sendo que as aulas têm sido ministradas em Luanda por três professores, dois portugueses e um angolano.

O gestor pontualizou ainda que a Associação Angolana de Actuários (AAAT) também tem feito o seu papel na união e mobilização da classe e muitos profissionais angolanos e não só têm prestado o seu apoio na formação de quadros, fazendo consultorias no sentido de fazer crescer o próprio mercado de seguros e a função actuarial.

Matias Muessapi reiterou que o actuário angolano lida com vários riscos, fundamentalmente aqueles ligado ao seguro Não Vida, entre eles o seguro de saúde, que conta maior subscrição de empresas, o seguro automóvel, multirriscos, seguro de acidente de trabalho, que é obrigatório por lei, além do co-seguro petrolífero, que é liderado pela ENSA.

 

O texto foi publicado originalmente no Jornal Mercado: Finance and Economy (Angola) no seguinte endereço: https://mercado.co.ao/mercados/o-mercado-actuarial-e-a-falta-de-profissionais-qualificados-GC1163899

A revistatemalivre.com agradece ao Grupo Media Rumos pela autorização para republicação.

 

Assista à entrevista que ocorreu no último dia 25 e deu início à 4ª temporada do Saber em Movimento (DCA – Proex/UFF)

 

 

Quer saber mais sobre as Ciências Atuariais? Assista à primeira edição do "Debate Tema Livre"

 

 

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IRB: Instituto de Resseguros do Brasil

Verbete

Sede do IRB, no centro do Rio de Janeiro.

Sede do IRB, no centro do Rio de Janeiro.

Através do Decreto-Lei nº 1.186, de 3 de abril de 1939, o presidente Getúlio Vargas estabeleceu a criação do referido instituto, que objetivava dar ao país um órgão ressegurador e manter o capital do setor de seguros/resseguros no Brasil (antes, o resseguro era feito no exterior, logo havia a evasão de capital).
Um ano depois, em 3 de abril de 1940, o IRB entrou em operação, como organização representativa do regime Vargas: modernização e renovação da administração pública, equipe técnica em importantes postos do instituto, eficiência, etc
Em estilo modernista, a sede do IRB foi construída pelo escritório de arquitetura M.M.M. Roberto (um dos principais do Brasil) na esplanada do Castelo, região da cidade do Rio em que o Estado Novo estava a erguer vários dos prédios dos seus ministérios.
O IRB teve o monopólio do resseguro no país até 2007 e foi privatizado em 2013.

Localização: Av. Mal. Câmara, 171 – Centro, Rio de Janeiro.

– IRB: Reinsurance Institute of Brazil/Rio de Janeiro
By Decree-Law No. 1,186 (April 3, 1939) President Getulio Vargas established the creation of the institute, which aimed to give the country a reinsurer body and keep the capital of the insurance industry/reinsurance in Brazil (before the reinsurance was made abroad and there was evasion of debts).
A year later, on April 3, 1940, the IRB started its operation, as a representative organization of the Vargas’ regime: modernization and renewal of public administration, technical staff in key posts of the institute, efficiency, etc.
The IRB headquarters was built by the architectural firm MMM Roberto (one of the main Brazil) on an area where Vargas raised a great number of buildings to their ministries.
The IRB had a monopoly on reinsurance in the country until 2007 and was privatized in 2013.

Address: Marechal Câmara, 171 – Downtown, Rio de Janeiro.

Polo de resseguro britânico inspira complexo no Rio

Projeto do polo ressegurador a ser inaugurado no Rio de Janeiro.

Projeto do polo ressegurador a ser inaugurado no Rio de Janeiro.

Há mais de 300 anos, comerciantes marítimos britânicos que costumavam se reunir em uma taverna perto das docas, em Londres, perceberam que se dividissem conjuntamente os prejuízos de eventuais acidentes poderiam ter perdas individuais menores. Assim nascia o Lloyd’s, pool de companhias que se tornou o maior mercado de seguros e resseguros do mundo. Hoje, o polo britânico serve de inspiração para o Rio de Janeiro em seu ambicioso projeto de se tornar o principal centro de resseguros da América Latina.
Tendo movimentado R$ 5,7 bilhões no Brasil em 2012, a atividade de resseguro passou a ter concorrência no país a partir de 2008, quando houve o fim do monopólio do estatal Instituto de Resseguros do Brasil (IRB). Desde então, discute-se no âmbito governamental e na iniciativa privada a possibilidade de se criar um polo de resseguros no Rio, justamente pelo fato de a cidade abrigar o IRB, sedes de seguradoras líderes no mercado e a Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão regulador do setor. O resseguro é a operação em que uma seguradora transfere parte ou a totalidade do risco de sua carteira à outra empresa – no caso uma resseguradora.
A possibilidade de um polo no Rio parece estar mais próxima de se tornar realidade com o projeto de construção – previsto para ser concluído em 2015 – de três torres na Cinelândia, centro da cidade, que reunirá em um só lugar seguradoras, resseguradoras, corretores e escritórios de advocacia especializados, em um empreendimento de mais de R$ 1 bilhão.
Há quem veja no projeto uma chance de, com a concentração das empresas em um mesmo edifício, fomentar o mercado. Como o risco das seguradoras normalmente é dividido em vários contratos de resseguros, os mais otimistas dizem acreditar que a proximidade física colabora para facilitar os negócios, nos moldes de uma bolsa de valores, facilitando também a vida dos corretores, que podem fazer várias cotações em um só local.
Por outro lado, os críticos ao projeto afirmam que, na era da internet, não haveria necessidade de as empresas estarem fisicamente no mesmo lugar e que o edifício é apenas mais um empreendimento imobiliário.
“No mercado de resseguros, a proximidade das empresas potencializa negócios e pode reduzir custos”, defende Paulo Pereira, presidente da Federação Nacional das Empresas de Resseguros (Fenaber), entidade que vem trabalhando juntamente à agência municipal de fomento Rio Negócios para a criação do polo na cidade.
“Nossa intenção não é mudar a sede das seguradoras ou resseguradoras, mas fazer com que elas tenham ao menos um espaço ali”, explica Marco Castro, diretor presidente do Lloyd’s no Brasil e um dos entusiastas da ideia.
Das 98 resseguradoras cadastradas no Brasil, apenas 20 estão localizadas no Rio de Janeiro. No entanto, como o IRB representa 47% desse mercado, a participação da cidade em termos de volume é mais relevante. O Rio abriga a maior seguradora do país, a Bradesco Seguros, além da SulAmérica. Pelo fato de já contarem com instalações gigantescas, as empresas não pretendem se mudar para o novo edifício, apesar de apoiarem a criação do centro.
“Mesmo sendo possível fazer as cotações na internet, acredito que seja fundamental ter um polo de resseguros no Rio e o prédio é essencial para esse processo”, afirma Marco Antônio Gonçalves, presidente da Bradesco Seguros e também presidente do conselho voltado para o setor na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ).
Para uma fonte do setor, no entanto, há outros temas mais importantes que o centro que deveriam estar em debate. “Para o Brasil realmente ter um polo de resseguros é necessário suprir outras deficiências, como a falta de profissionais especializados, e possibilitar a liquidação de operações em moedas de vários países, com pagamento instantâneo dos sinistros.”
As companhias, por sua vez, pedem mais independência das resseguradoras estrangeiras no Brasil em relação às suas matrizes. Felipe Smith, diretor-executivo da Tokio Marine, diz que o mercado ressegurador brasileiro tem capacidade para absorver o risco dos seguros de grandes obras. No setor de petróleo, no entanto, é necessário recorrer também ao mercado londrino, o que muitas vezes torna o processo mais lento. “A ideia de ter um polo é interessante desde que a seguradora tenha autonomia para aprovar os contratos”, disse Smith.
A autonomia de uma resseguradora no Brasil depende de sua estratégia no país e de sua classificação na Susep. Existem três modalidades: local (que constitui sociedade anônima no Brasil, com capital mínimo de R$ 60 milhões e tem reserva de 40% do mercado); admitida (empresa com sede no exterior, mas com escritório de representação no Brasil, com capital mínimo de US$ 5 milhões); e eventual (que precisa apenas de um cadastro na Susep).
Registrado no segmento “admitido”, o sindicato londrino Lloyd’s ainda não tem planos de se tornar local, explicou Marco Castro, diretor geral do grupo no Brasil. De acordo com o executivo, a ideia do centro nacional de resseguros no Rio é “inspirada” no Lloyd’s, mas não uma cópia deste.
Com um prédio considerado ícone da arquitetura londrina, o Lloyd’s é um local de encontro em que vários membros (pessoas físicas e jurídicas) juntam-se para contribuir para um fundo comum e fornecer coberturas de seguros e resseguros. Os membros do sindicato ficam em um mesmo ambiente, para onde os corretores se dirigem para fazer cotações.
Diferentemente do Lloyd’s, no centro de resseguros do Rio as empresas ficarão divididas em diferentes ambientes, como em um prédio corporativo comum.
Além do edifício, outra demanda do mercado é a redução de 5% para 2% da incidência do Imposto Sobre Serviços (ISS) sobre a corretagem de resseguros. O projeto está parado na Câmara dos Vereadores, mas recebeu na semana passada apoio público do prefeito do Rio, Eduardo Paes.
“É importante que também as corretoras estejam dispostas a participar do centro”, disse José Hilário, presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg).
A ideia do centro surgiu após conversas entre a Rio Negócios e a Fenaber, que apresentaram a proposta à consultoria imobiliária Jones Lang LaSalle. A previsão é que o prédio seja entregue em dois anos, mas a consultoria já apresenta propostas a empresas interessadas.

Extraído de: http://rio-negocios.com/predio-no-rio-concentrara-segmento-de-resseguros/