Imagens de Portugal: Lisboa e Mafra

Da redação.
Rio de Janeiro, noite de 02 de setembro de 2018. 19h30m. Momento fatídico. Ardeu o museu mais antigo do Brasil, criado por D. João em 1818. Em pouco mais de 4h, foi perdido acervo com mais de 20 milhões de itens. Fósseis, múmias, documentos históricos, obras raras, enfim, tudo agora são cinzas. O histórico Museu Nacional, situado no bairro de São Cristóvão, Zona Norte do Rio, recebia um duro golpe.
Parte integrante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Museu Nacional vem sendo, desde 2014, submetido a uma série de cortes no seu orçamento, paulatinamente à diminuição de verbas que as instituições federais vêm sofrendo. A sua manutenção estava comprometida. Fios elétricos expostos, paredes descascadas, ataques de cupins. Esse era o quadro do museu, que além do rico acervo, oferecia atividades de ensino, pesquisa e extensão, bem como estava situado, desde 1892, no Palácio histórico da Quinta da Boa Vista, onde viveu D. João VI, D. Pedro I, D. Pedro II e a Princesa Isabel. Também em suas instalações ocorreu a primeira constituinte do Brasil. Porém, isso não foi o suficiente para que a instituição fosse devidamente protegida e que fosse-lhe repassada a verba anual de 520 mil reais, o que não é absurdo frente a outros gastos governamentais.
Buscando minimizar a situação que o Museu Nacional encontrava-se e para reabrir a sala que guardava o Maxakalisaurus (o Dinoprata), foi feita, no primeiro semestre do ano, uma campanha pela internet para angariar, junto a voluntários, fundos. A meta, de 30 mil reais, foi ultrapassada. Arrecadou-se praticamente o dobro, ou seja, 58 mil. Mas, infelizmente, o resultado da ação não foi duradoura, como é de conhecimento público.
Após o trágico golpe de domingo, vem a comoção da sociedade, o lamento, reinvindicações, denúncias e a pirotecnia de parte da classe política e da imprensa. Depois que a casa caiu (graças a Deus que não foi literalmente, o Palácio ainda está de pé) surgem ações por parte do poder público. No entanto, vale perguntar-se como estão as condições dos demais museus do Brasil, bem como dos arquivos públicos, bibliotecas e universidade públicas, que têm sob a sua guarda acervos de interesse dos brasileiros e de pesquisadores nacionais e estrangeiros. Há de se investir em precaução, fazer o devido envio de verbas e dar as condições dignas para servidores e pesquisadores desenvolverem suas atividades e não agir somente à luz da mídia e após acervos preciosos serem destruídos, afinal, ainda há mais para se perder.
Um pouco de história
A Quinta de Queluz, outrora posse de simpatizantes de Castela que tiveram seus bens confiscados devido à Restauração (1640), pertencia aos filhos segundos dos reis portugueses, devido à instituição da Casa do Infantado, criada por D. João IV em 1654.
A passagem da “Casa de Campo” de Queluz para Palácio deveu-se a D. Pedro III (1717-1786), que iniciou as obras em 1747. Devido ao casamento de D. Pedro com sua sobrinha (filha do seu irmão D. José I), a futura rainha D. Maria I (1734-1816), o projeto inicial foi alterado e novas obras foram iniciadas, tendo como arquiteto o francês Jean Baptiste Robillion.
O palácio é considerado a Versalhes portuguesa e o mais belo exemplo da arquitetura rococó em Portugal, tendo se tornado a residência oficial de D. João e Dona Carlota em 1794, mesmo local onde foi realizado o casamento deles quase dez anos antes. Por fim, nesse palácio, ainda vieram a viver outros personagens vinculados às histórias do Brasil e de Portugal: D. Miguel, D. Pedro I do Brasil/D. Pedro IV de Portugal (nasceu e faleceu no Palácio, assim como sua progenitora, que teve o seu óbito em 1830).
Fotos
O Palácio Nacional fica na freguesia de Queluz, concelho de Sintra, distrito de Lisboa.
Contato: Tel.: +351 214 343 860
Fax: +351 214 343 878
Correio Eletrônico: pnqueluz@ippar.pt
Bibliografia e sítios consultados:
FERRO, Maria Inês. Queluz: o palácio e os jardins. Londres: Scala Books, 1997.
SARAIVA, José Hermano. História de Portugal. Lisboa: Alfa, 1993.
http://www.cidadequeluz.com/palacio_queluz.htm
http://www.ippar.pt/monumentos/palacio_queluz.html
http://www.malhatlantica.pt/sintra/monument/m16.htm
http://www.portugalvirtual.pt/_tourism/costadelisboa/sintra/queluzp.html
Mais informações disponíveis na Revista Tema Livre sobre a Casa de Bragança e sua articulação com a história de Portugal:
(Em ordem alfabética)
As incursões franco-espanholas ao território português: 1800 – 1810
A Presença Luso-brasileira na Região do Rio da Prata: 1808-1822,
Entrevista com a Prof. Dra. Francisca Azevedo, biógrafa de Carlota Joaquina.
Para mais imagens de Portugal disponíveis na Revista Tema Livre, clique aqui.
Com Queluz, inaugurou-se a exposição "Imagens de Portugal", na edição 05 da Revista Tema Livre, em comemoração ao primeiro ano da publicação.
Conimbriga, vestígios de Roma (edição 07)
Aveiro, a Veneza portuguesa (edição 06)
Veja, também, belíssimas fotos do Brasil:
Crepúsculo Niteroiense: 1ª parte
Crepúsculo Niteroiense: 2ª parte