Tema Livre Especial: Real Gabinete Português de Leitura

Real Gabinete Português de Leitura visualizado a partir do Largo Alexandre Herculano.
Real Gabinete Português de Leitura visualizado a partir do Largo Alexandre Herculano.

 

Nesta edição, a Revista Tema Livre apresenta o Real Gabinete Português de Leitura, ponto obrigatório para quem quiser apreciar um Rio de Janeiro que vai além de suas belas praias e montanhas. Para os interessados em conhecer a história e a cultura da cidade, que também é maravilhosa por seu vasto potencial histórico-cultural, o Real Gabinete é uma preciosidade.

 

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A instituição foi fundada em 14 de maio de 1837 como Gabinete Português de Leitura, no número 20 da então rua Direita (atual Primeiro de Março), por um grupo de 43 portugueses residentes no Brasil. Este grupamento era composto por comerciantes estabelecidos na praça do Rio de Janeiro e por exilados políticos, em função do absolutismo em Portugal. O primeiro presidente da instituição foi o Sr. Augusto José Marcelino da Rocha Cabral e, atualmente, o Real Gabinete é presidido pelo Sr. António Gomes da Costa.

 

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A atual sede da instituição, localizada na Rua Luís de Camões nº 30, no Centro do Rio, teve sua pedra fundamental lançada em 10 de junho de 1880 pelo imperador do Brasil, D. Pedro II, e a sua inauguração ocorreu em 10 de setembro de 1887, com a presença da Princesa Isabel e do seu esposo, o Conde D’Eu.

 

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Hall de entrada do Real Gabinete. Ao fundo, salão de leitura da biblioteca.
Hall de entrada do Real Gabinete. Ao fundo, salão de leitura da biblioteca.

 

Construído em estilo ‘neomanuelino’, o prédio teve como arquiteto o português Raphael da Silva e Castro. Acrescenta-se, ainda, que foi no edifício da Rua Camões que ocorreram as primeiras sessões solenes da Academia Brasileira de Letras (ABL), sob a presidência de Machado de Assis.

 

Vista geral do salão de leitura da biblioteca.
Vista geral do salão de leitura da biblioteca.

 

Busto de Camões, no salão de leitura.
Busto de Camões, no salão de leitura.

 

Em 1906, o Rei de Portugal, D. Carlos, concedeu o título de Real ao Gabinete de Leitura do Rio de Janeiro, sendo o único dos gabinetes localizados no Brasil (os outros dois estão em Salvador e Santos) a possuir tal designação. A partir de 1935, a biblioteca do já intitulado Real Gabinete Português de Leitura passou a contar com o depósito legal luso.

 

Aspecto geral do salão de leitura.
Aspecto geral do salão de leitura.

 

Vista de parte do acervo.
Vista de parte do acervo.

 

 

Atualmente, o Real Gabinete possui aproximadamente 350.000 livros, sendo, em todo o mundo, o maior acervo de autores portugueses fora de Portugal, além de contar com diversas publicações de autores africanos e de Macau, possessão lusa até 1999.

 

Corredor do terceiro andar da biblioteca.
Corredor do terceiro andar da biblioteca.

 

Porta que dá acesso ao Salão dos Brasões.
Porta que dá acesso ao Salão dos Brasões.

 

 

Sobre o acervo, a bibliotecária da instituição, Vera Lúcia Almeida, afirma que o mesmo “foi formado através de coleções doadas ao Gabinete e, adquirido, também, através de compra e do depósito legal português, sendo assim, nós temos o acervo atualizado com o que é editado em Portugal.” Vera Lúcia ainda chama a atenção de que a instituição possui a primeira edição dos Lusíadas, de Luís de Camões, datada de 1572. Ressalta-se, também, que o Real Gabinete possui manuscritos autógrafos de “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco, e do “Dicionário da Língua Tupy”, de Gonçalves Dias.

 

Vitral e lustre do salão de leitura.
Vitral e lustre do salão de leitura.

 

Aspecto do teto do salão de leitura.
Aspecto do teto do salão de leitura.

 

A consulta ao acervo do Real Gabinete é aberta à comunidade e a instituição também fornece regularmente cursos e palestras, além de possuir importante coleção numismática e de pinturas de José Malhoa, Carlos Reis, Oswaldo Teixeira, Eduardo Malta e Henrique Medina. Ressalta-se, ainda, que o Real Gabinete publica a revista Convergência Lusíada e possuí pólo de pesquisas.

 

Lustre do salão de leitura. No teto, ao fundo, pintura em homenagem a Pedro Alvares Cabral.
Lustre do salão de leitura. No teto, ao fundo, pintura em homenagem a Pedro Alvares Cabral.

 

Destaca-se, ainda, que os citados cursos e palestras ocorrem no Salão dos Brasões. Este salão tem no seu teto brasões das cidades portuguesas à época em que o Real Gabinete foi construído, bem como das possessões ultramarinas de Goa, Luanda, Macau e Maputo.

 

Salão dos Brasões, onde ocorrem cursos e palestras.
Salão dos Brasões, onde ocorrem cursos e palestras.

 

Ao centro, brasão de Portugal. À esquerda, o de Lisboa, e à direita, o do Porto.
Ao centro, brasão de Portugal. À esquerda, o de Lisboa, e à direita, o do Porto.

 

Assim, o Real Gabinete é uma instituição de enorme valor histórico-cultural para o Rio de Janeiro, que já chegou a ser, atrás, somente, de Lisboa, a maior cidade com população lusa em todo o mundo. O Real Gabinete reflete a relevância da colônia portuguesa nas terras em que Cabral chegou, além de ser um ponto de acesso à cultura e à educação. Pelo acervo de sua biblioteca, com o maior número de títulos de autores lusos fora de Portugal, e pelos seus cursos e eventos, definitivamente, o Real Gabinete Português de Leitura é ponto obrigatório para aqueles que querem conhecer e desfrutar da cultura e da história do Rio de Janeiro, do Brasil, de Portugal e de todos os emigrantes portugueses ao redor do mundo.

 

Endereço: Rua Luís de Camões, 30.
CEP: 20051-020 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil.
Tel.: +55 21 2221-3138/2221-2960
Correio eletrônico: gabinete@realgabinete.com.br

 

 

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Tema Livre Especial: Exposição Internacional “Um Novo Mundo, Um Novo Império: A Corte Portuguesa no Brasil”

 

Exposição Internacional
"Um Novo Mundo, Um Novo Império: A Corte Portuguesa no Brasil"

 

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Logomarca da exposição.

 

 

"D. João VI veio criar e realmente fundou na América um império, pois merece bem assim ser classificado o de ter dado foros de nacionalidade a uma imensa colônia amorfa, para que o filho, porém, lhe desfrutasse a obra. Ele próprio regressava menos rei do que chegara, porquanto sua autoridade era agora contrariada sem pejo. Deixara, contudo, o Brasil maior do que o encontrara"

Oliveira Lima

 

 

Entrada do Museu Histórico Nacional, no centro do Rio de Janeiro.
Entrada do Museu Histórico Nacional, no centro do Rio de Janeiro.

 

Em gesso, busto de D. João: Obra de Rodolfo Bernadelli, datada do século XIX.
Em gesso, busto de D. João: Obra de Rodolfo Bernadelli, datada do século XIX.

A Revista Tema Livre traz nesta edição a exposição internacional "Um Novo Mundo, Um Novo Império: A Corte Portuguesa no Brasil" realizada, no período de 08 de março a 08 de junho de 2008, no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, em razão dos 200 anos da transferência da monarquia lusa para o Novo Mundo. Com patrocínio da Fundação Calouste Gulbenkian, de Portugal, a exposição mostra aspectos políticos, econômicos e culturais do período em que a monarquia lusa esteve estabelecida na América, através de objetos e documentos da época.

 

Retrato de D. João, réplica de sua coroa e cadeira do "beija-mão".
Retrato de D. João, réplica de sua coroa e cadeira do "beija-mão".

 

Datada do século XVIII, cadeira que era utilizada por D. João nas cerimônias do "beija-mão".
Datada do século XVIII, cadeira que era utilizada por D. João nas cerimônias do "beija-mão".

 

Réplica da coroa de ouro de D. João VI.
Réplica da coroa de ouro de D. João VI.

 

A exposição inicia-se com a invasão francesa à Península Ibérica e a partida da Corte portuguesa para o Brasil, mostrando, ainda nesta parte, pequenos dados biográficos sobre relevantes personagens políticos do período, sendo eles a rainha portuguesa Dona Maria I, o rei da Inglaterra George III, o soberano espanhol Carlos IV, e o Imperador da França Napoleão Bonaparte.

 

 

Da esquerda para a direita: Napoleão Bonaparte, Carlos IV, Maria I e George III.
Da esquerda para a direita: Napoleão Bonaparte, Carlos IV, Maria I e George III.

 

Quadro de Cândido Portinari: "A Chegada de Dom João VI à Bahia".
Quadro de Cândido Portinari: "A Chegada de Dom João VI à Bahia".

 

 

“Chegada da família real de Portugal em 7 de março de 1808″: Óleo sobre tela de Geoff Hount, que retratou, em 1822, a transmigração da Corte.
Óleo sobre tela de Geoff Hount, que retratou, em 1822, a transmigração da Corte.

 

 Os aspectos das cidades de Lisboa e do Rio de Janeiro da época do príncipe regente D. João são apresentados ao público através de obras iconográficas que retratam estes dois núcleos urbanos. Igualmente, as tribulações da família real portuguesa no trajeto para o Brasil e a sua escala na Bahia ganham espaço na exposição.

 

 

Objetos do século XIX: Xícara sem alça com pires e tinteiro-escrivaninha de prata.
Objetos do século XIX: Xícara sem alça com pires e tinteiro-escrivaninha de prata.

 

Em prata, marfim e papel, leque confeccionado, em 1808, em comemoração à chegada da família real.
Em prata, marfim e papel, leque confeccionado, em 1808, em comemoração à chegada da família real.

 

Medalha de ouro cunhada no Rio de Janeiro no ano de 1820 em comemoração à aclamação de D. João como rei de Portugal, Brasil e Algarves.
em comemoração à aclamação de D. João como rei de Portugal, Brasil e Algarves.

 

Outros importantes momentos da regência de D. João estão no Museu Histórico Nacional, como, por exemplo, a "Abertura dos Portos às Nações Amigas" e a elevação do Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal, sendo que os respectivos documentos destes atos, assinados pelo próprio príncipe, estão na exposição. Durante a visitação, o público também conhece os importantes conflitos que ocorreram, tanto no Brasil, quanto em Portugal, a partir de 1817, como as relevantes revoluções pernambucana e do Porto.

Documento histórico assinado por D. João.
Documento histórico assinado por D. João.
Aquarela sobre papel de José Wasth Rodrigues retratando os uniformes dos militares portugueses em 1806. Da esquerda para a direita, os três primeiros são generais, e os outros dois são pertencentes à infantaria.
Aquarela sobre papel de José Wasth Rodrigues retratando os uniformes dos militares portugueses em 1806. Da esquerda para a direita, os três primeiros são generais, e os outros dois são pertencentes à infantaria.

 

Guerra da Cisplatina: Tema da tela de Edoardo De Martino.
Guerra da Cisplatina: Tema da tela de Edoardo De Martino.

 

Os visitantes poderão conhecer, durante a exposição, objetos do período joanino, como, por exemplo, louças, móveis e condecorações. Além destes itens, destaca-se que o público pode ver a coroa que foi de D. João e o seu trono acústico, feito na Inglaterra especialmente para o personagem.

Trono acústico de D. João: Por problema auditivo, D. João colocava o fio em seu ouvido e o interlocutor falava pela boca do leão que está nos braços da cadeira.
Trono acústico de D. João: Por problema auditivo, D. João colocava o fio em seu ouvido e o interlocutor falava pela boca do leão que está nos braços da cadeira.

 

Relógio de caixa alta: Objeto de madeira datado do século XVIII.
Relógio de caixa alta: Objeto de madeira datado do século XVIII.

 

Detalhe do relógio.
Detalhe do relógio.

 

A exposição é finalizada com a proclamação da Independência brasileira por D. Pedro, sendo que neste trecho há uma grande estátua em sua homenagem, que, através de efeitos tecnológicos que simulam expressões na face da imagem, o público pode ouvir a famosa declaração do filho de D. João: "Independência ou Morte".

 

 

D Pedro I: Estátua de gesso feita por Bernadelli.
D Pedro I: Estátua de gesso feita por Bernadelli.

 

Visite o Museu Histórico Nacional – MHN:

Endereço:

Praça Marechal Âncora s/n (próxima à Praça XV)
Centro – Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (0xx21) 2550-9220 / 2550-9242
Sítio da web: www.museuhistoriconacional.com.br
E-mail: mhn02@visualnet.com.br

 

Horários:

De 3ª à 6ª feira: Das 10hs às 17:30hs.
Sábados, Domingos e Feriados: Das 14:00hs às 18:00hs.
2ª feira: Fechado.

 

Para mais informações concernentes a D. João VI e a estada da família real portuguesa no Brasil, acesse:

Matéria sobre o Paço Imperial

 

Entrevista com a Profª Drª Francisca Azevedo (Universidade Federal do Rio de Janeiro) sobre Carlota Joaquina.

 

Os artigos do historiador Fábio Ferreira:

D. João VI, o General Lecor e a criação da Cisplatina

 

As incursões franco-espanholas ao território português: 1801 – 1810

 

A política externa joanina e a anexação de Caiena: 1809-1817

 

 

 

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