Abaixo, a entrevista realizada pela Revista Tema Livre no dia 28 de julho na UFPB com a historiadora Margarida Maria Dias, coordenadora do XXII Simpósio Nacional de História e vice-presidente da ANPUH.
Revista Tema Livre – Primeiramente, qual a importância do evento para a região?
Margarida Maria Dias – A importância é muito grande. É um evento nacional, mas com convidados de muitos outros países. Estão hoje aqui representados todos os estados da federação, então é importante para a região, para o Estado, para a cidade de João Pessoa, não só pela relevância para a pesquisa histórica mas, também, para a divulgação do que é feito na nossa terra, da nossa cultura e dos próprios avanços da pesquisa histórica aqui no Nordeste.
RTL – E quais seriam esses avanços?
Dias – Olha, nós conseguimos uma coisa muito interessante aqui no Nordeste que foi a união dos núcleos regionais da ANPUH. Como resultado, nós temos uma troca de informação muito importante e uma troca de experiências também muito interessante. Então é muito bom, por exemplo, a gente saber que muitos colegas estão atuando em prefeituras, em cidades menores organizando arquivos, organizando fontes orais, organizando arquivos particulares, que possibilitam a escrita da história a nível local. E é interessante isso para o surgimento de outras histórias, não só dessa história tradicional, mas de outras histórias, de outros grupos, de comunidades, de movimento de trabalhadores e tal.
RTL – Quais são as atividades previstas para o evento?
Dias – Nós temos previstas doze conferências, sessenta e um simpósios temáticos, que são os locais de apresentação de trabalhos dos profissionais de história, duzentos e vinte painéis de alunos de graduação em história, quarenta e cinco mini-cursos, e temos, ainda, atividades culturais e exposições, como da ANPUH 25 anos, Sertão bravuras e bravezas, e, também, uma peça de teatro que é feita por um grupo do curso de História daqui da UFPB, o grupo História e Arte, que vai ser apresentada com um texto de uma historiadora.
RTL – Quem é essa historiadora? Sobre o que é a peça?
Dias – A peça vai ser apresentada hoje (28/07) no Teatro Santa Rosa, que é um teatro do século XIX, muito bonito, foi uma forma também que nós encontramos de mostrar o teatro para vocês, e o texto é da professora Joana Neves, que é uma das organizadoras do evento, e que está neste momento apresentando trabalho.
RTL – E sobre os números do evento? Quantos inscritos? Quantos profissionais estão aqui apresentando trabalho?
Dias – Apresentando trabalho nós temos uma média de duas mil pessoas. Estudantes de graduação nós temos uma média de 220. Participando do evento nós temos mais ou menos cinco mil pessoas. Desses participantes três mil e quinhentos devem ser profissionais e mil e quinhentos estudantes.
RTL – Qual a sua opinião sobre o fato de pessoas que não tem formação em história – em graduação ou pós-graduação – atuarem escrevendo e utilizando o título de historiador?
Dias – Eu acho que a ANPUH tem que retomar essa luta, o ano passado, infelizmente, o projeto de reconhecimento da profissão de historiador foi arquivado, mas a gente precisa retomar isso. Como membro da direção nacional sempre estive muito sensibilizada a esta questão, e como vou continuar na diretoria nacional, pretendo, junto com os meus colegas, retomar essa luta, porque eu acho que é fundamental o reconhecimento da profissão, para a gente de fato qualificar e ter as garantias, embora isso não seja imediato. Não é só porque é historiador que escreve algo de qualidade, a gente tem que melhorar os cursos de graduação também. Eu acho que essa é uma luta que a gente vai precisar retomar urgentemente, porque realmente, história é uma coisa muito séria, o passado forma identidades, o passado forma uma série de referências, e a gente tem que tomar muito cuidado com isso.