Niterói, 27 de novembro de 2024.
Da Redação
Localizada no centro de Niterói, a Casa Norival de Freitas, também conhecida como Solar Notre Rêve (Nosso Sonho), foi restaurada e reinaugurada no último dia 22 de novembro, data em que é celebrada a fundação da cidade. No local passa a funcionar um centro cultural e o programa Aprendiz Musical, o programa mais extenso em todo o Brasil voltado à musicalização em escolas públicas.
O imóvel em estilo eclético romântico foi inaugurado em 1926, sendo, atualmente, uma das duas únicas construções do referido estilo arquitetônico existentes no município (o outro localiza-se a uns poucos metros, que é o da antiga Câmara de Vereadores e, atualmente, é ocupado pela Secretaria Municipal de Educação). Após o falecimento de seus proprietários, o Solar Notre Revê foi desapropriado, em 1979, pela Prefeitura de Niterói. Em 1984, um incêndio atingiu o prédio. Ainda que reformado parcialmente em 1988, o imóvel esteve abandonado desde o final da década de 1990. Em 2019, a Defesa Civil apontou o risco de desabamento.
A recuperação do imóvel seguiu as diretrizes do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) e do Departamento de Preservação do Patrimônio Cultural (DePac). No mesmo terreno, atrás do casarão, foi construído um prédio anexo de três andares, que conta com a administração do novo aparelho cultural, auditório com camarim, estúdio, área de convivência e um terraço para contemplação do espaço.
Quem foi Norival de Freitas
Nascido em Niterói em 1883, Norival Soares de Freitas foi advogado, historiador e político. Em relato memorialístico publicado, em 1958, na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), Freitas conta, de próprio punho, que sua aproximação com a instituição deu-se ainda na primeira década do século XX através de Max Fleiuss, sócio e secretário perpétuo da organização.
Conhecedor das dificuldades financeiras que Freitas enfrentava para custear o seu bacharelado em Direito, Fleiuss encarregava-o de alguns pequenos trabalhos, como a restauração e cópia de documentos. Posteriormente, em conjunto com o Barão do Rio Branco, Fleiuss foi um dos responsáveis pelo envio de Freitas a Portugal, em 1907, para buscar documentos relacionados à História do Brasil. À altura havia intenso debate relacionado ao local e data da fundação da cidade do Rio de Janeiro e Freitas encontrou documento que estabeleceu, entre os estudiosos do tema, a fundação do município entre os morros Cara de Cão e Pão de Açúcar a 1º de março de 1565.
De volta ao Brasil, em outubro de 1908, Freitas ingressou no IHGB. Na instituição teve contato com proeminentes personagens que compuseram seus quadros, como Oliveira Lima, Capistrano de Abreu, Euclides da Cunha, dentre outros. Também fez parte da comissão que organizou o 1º Congresso de História, que foi realizado no Rio de Janeiro em setembro de 1914, além de ter exercido, no instituto, cargos de tesoureiro, de secretário e na diretoria.
Na mesma década, mais precisamente em 1918, foi eleito, pela primeira vez, para a Câmara de Deputados, a representar o estado do Rio de Janeiro. Rivalizou, no âmbito político, com Nilo Peçanha e foi aliado do presidente Arthur Bernardes. Com a Revolução de 1930, que fechou o Congresso Nacional, embora eleito, Norival de Freitas não assumiu como deputado federal. Ainda nos anos 30 volta ao parlamento, mas com o golpe do Estado Novo perdeu seu assento. Na década de 1950 candidatou-se mais uma vez para o cargo de deputado federal, no entanto, não foi eleito.
Ao longo de sua trajetória política, também compôs a Câmara Municipal de Niterói como vereador e foi chefe de polícia no antigo Estado do Rio. À altura do seu falecimento, a 22 de fevereiro de 1969, era o sócio mais antigo do IHGB.
Casa Norival de Freitas (Solar Notre Rêve)
Endereço: Rua Maestro Felício Tolêdo, 474 – Centro, Niterói – RJ
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